O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

ou qualquer outro dos candidatos, teria
início a segunda contagem. Uma voz leu
a cédula: “Josué Montello.”
Estava terminada a eleição. O autor
de Janelas Fechadas era o novo imor-
tal da Academia Brasileira de Letras. O
jornal O Imparcial conta em sua edição
de 11 de novembro como foi dada a no-
tícia aos presentes que esperavam pelo
resultado do sufrágio:
Minutos depois, o acadêmico Viriato
Corrêa levantou a cortina que vedava
a sala onde transcorriam as eleições,
proclamando o nome do vencedor, no
caso o candidato por ele apoiado entusiasticamente.
O resultado final da apuração foi o
seguinte:
• Josué Montello – 19 votos
• Celso Kelly – 09 votos
• Oliveira e Silva – 04 votos
• Dutra Santiago – 04 votos
• Os demais candidatos não
tiveram votos.
Depois de proclamada a vitória do
autor de A Luz da Estrela Morta, os votos
dos três escrutínios restantes foram
Índice
incinerados numa pira existente no recinto.
Estava encerrado o processo eleitoral.
Mesmo sendo secreta a votação, o
jornal A Noite, através de pesquisas e
especulações, fez uma hipotética rela-
ção de votantes no vencedor. Segundo
o periódico, votaram em Josué: Manuel
Bandeira, Viana Moog, Alceu Amoro-
so Lima, Múcio Leão, Cassiano Ricar-
do, Menotti del Picchia, Viriato Corrêa,
Afonso Taunay, Austregésilo de Athay-
de, Magalhães de Azeredo, João Neves
da Fontoura, Ademar Tavares, Elma-
no Cardim, Hélio Lobo, Barbosa Lima
Sobrinho, Gustavo Barroso e Aluísio de
Castro.
Facilmente se percebe que o jornal
só citou dezessete nomes. Dois votos
inesperados decidiram a sorte do escri-
tor. Ninguém, além dos próprios votan-
tes, sabe quem deu os votos decisivos.
Talvez pensando nisso, o candidato elei-
to disse dias depois em entrevista:
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