O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

melhor cimento para a união dos sequazes de uma mesma causa. O san-
gue derramado pela fidelidade ao mesmo Cristo comunicava aos primei-
ros cristãos um sentido de fraternidade espiritual muito mais intenso
que o da fraternidade carnal.” 6
g) Cuidado preferencial pelos desvalidos - “Não nos consta a exis-
tência de algum outro homem antes de Cristo que tenha tido tanto amor,
atenção e respeito para com os pobres, e se tenha interessado, incomo-
dado, sacrificado para socorrer às necessidades, também dos indivíduos
particulares, quanto Jesus. [...] Cristo amou e ajudou sem exceção a to-
dos aqueles que recorriam a ele [...]. Mas houve uma categoria de pes-
soas que Ele amou com predileção e à qual dedicou particular atenção
e cuidado: os marginais da sociedade, as prostitutas, os pecadores, os
pobres [...], àqueles tempos em que [...] os pobres, os escravos, as mu-
lheres, as crianças, etc., não valiam nada [...]. Pela primeira vez na histó-
ria, todas essas criaturas começaram a ser consideradas e tratadas como
pessoas. [...] Os Evangelhos são a única história da antiguidade em que
os pobres – não como massa, mas como indivíduos, com seu nome e so-
brenome – tornam-se protagonistas, ao lado da personagem principal”. 7
Essa “opção preferencial pelos pobres”, como se vê, em nada se recheia
de conteúdo e intenções secundárias – políticas, ou de qualquer outra
ordem – que não o valor da pessoa humana como tal, e que assume cui-
dado “compensatório” – maior e mais atento, portanto – quando esteja
essa pessoa “desfigurada” em sua ontologia mais funda;
h) Valor secundário dos bens materiais - O próprio Jesus diz que
6 - Dalle Nogare, op. cit., p. 52.
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