O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

orgulho de nossa própria identidade, com a qual vangloriarmo-nos a todo
momento de sermos maranhenses?
Não sei em nome do quê a nossa atualidade social anda promovendo
o esquecimento de toda essa cultura, e o que anda colocando no lugar dela,
se tem algo melhor para pôr no lugar. Ou, ainda, por que alguns – e aqui me
refiro, em específico, a educadores de nível superior – militam para que ela
seja sistematicamente agredida e esquecida, vilipendiada, acusando-a de falsa,
mentirosa, e com isto jogando fora a água, a bacia, e a criança.
O fato é que andamos esquecidos que esta terra já produziu monumentos
da cultura brasileira e de língua portuguesa, cuja memória deveria ser evocada
todos os anos em liceus, ateneus, ginásios, escolas, faculdades, universidades,
institutos, academias, grêmios, enfim, em todas as instituições que deveriam ser,
por conta disso, baluartes permanentes de uma cultura que possui verdadeiros
campeões da história da inteligência brasileira.
Mas, onde andam os guardiães e campeões de nossa memória? Quem
está de pé e alerta, a vigiar os panteões onde nossos heróis e grandes homens
deveriam ser cultuados, reverenciados e lembrados por suas obras e façanhas,
positivando a imagem do Maranhão e de sua gente?
Pouca gente, nos dias de hoje, ainda se lembra que o Maranhão
gerou os primeiros gramáticos da língua portuguesa de nosso país, ou que das
dezoito gramáticas em circulação no Brasil do século XIX, dez eram escritas
por maranhenses. Que o Maranhão era tão zeloso da língua que falava, que se
colocava em pé de igualdade com a terra de Camões, uma versão ultramarina
de Portugal em solo americano, a ponto de exibir, até hoje, um elevado grau de
purismo gramatical em suas práticas culturais e linguísticas. Que o primeiro
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