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O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

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como brasileiros: banalidade, chicana,<br />

ter lugar (= realizar-se) e tocante.<br />

Embora outros tais pareçam gali-<br />

cismos, são lexias de boa cepa luso-bra-<br />

sileira, como fortuna (= riqueza): “basta<br />

uma pequena fortuna em propriedade<br />

territorial [...] para conferir o direto de<br />

voto.” (I, 30); letras (= cartas): “apenas<br />

haverá algum esquadrinhador de an-<br />

tiguidades que tenha notícias das três<br />

malogradas letras.” (I, 93); refusar (=<br />

recusar): “uma vez eleito, nunca refu-<br />

sava os cargos.” (VPAV, I, 34); render<br />

graças (= agradecer): “o feliz candidato<br />

corria imediatamente ao templo para<br />

render graças aos deuses.” (I, 20); su-<br />

jeito (= assunto): “sujeito do evangelho<br />

do dia não podia decerto ser a primi-<br />

tiva conversão da gentilidade.” (VPAV,<br />

376). “S. Exa. tinha asseverado a todo o<br />

mundo que nada pretendia da provín-<br />

cia.” (I, 165).<br />

Quanto à morfossintaxe, começa-<br />

rei com o seguinte passo, com que João<br />

Lisboa prefere elegantemente que a<br />

concordância verbal se faça com o ad-<br />

junto adnominal, que lhe está mais pró-<br />

ximo, a fazer com o núcleo do sujeito:<br />

Índice<br />

“um grande número de homens ilustres<br />

estão banidos da França.” (I, 145).<br />

Na regência verbal, à moda clássica,<br />

Lisboa preposicionava o infinitivo com<br />

função de objeto direto: “a Providência<br />

determinou de fazer, neste particular,<br />

um milagre que não cabia na humana<br />

previsão.” (VPAV, 98).<br />

Aqui, ele silencia o pronome se, tão<br />

usual nos dias de hoje: “entre os dias de<br />

exclusão, sobressai a dos cobardes.” (I,<br />

27).<br />

Neste outro passo, utiliza a dupla<br />

regência, que, embora condenada pelos<br />

puristas e gramatiqueiros, tem foros de<br />

clássica: “os seus interesses, quero di-<br />

zer, os da província dos quais um bom<br />

presidente não sabe nem é capaz de se-<br />

parar os próprios.” (I, 201).<br />

Vasta e variegada, a regência ver-<br />

bal manipulada por Lisboa. Eis aqui al-<br />

gumas passagens dignas de registro:<br />

Admirar algo a alguém: “o que ad-<br />

mira menos é que tais opiniões em tal<br />

matéria pudessem excitar as descon-<br />

fianças do sombrio tribunal.” (VPAV,<br />

204);<br />

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