O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

alternativa a ser lembrada na hora da
votação.
Finalmente chegou o dia de encer-
rar as inscrições para os pretendentes
à vaga deixada por Cláudio de Sousa.
Vários candidatos se apresentaram,
eram eles: Josué Montello, Celso Kelly,
Oliveira e Silva, Artur de Almeida Tor-
res, Sérgio Gomes, Ernani Lopes, Osó-
rio Dutra, Sílvio Júlio, Modesto de
Abreu, Paulo Magalhães, Agnaldo San-
tiago, Bueno da Cerqueira e Waldemar
Bernadelli. Mas os principais concor-
rentes ainda eram os dois primeiros.
Foram meses de intensa campa-
nha. Quando os dias que precediam à
votação se aproximavam, os jornais ti-
nham sempre uma nota sobre o pleito.
O jornal Diário de Notícias, na véspera
do pleito, trazia a seguinte matéria:
Reúne-se amanhã, a Academia
Brasileira de Letras, a fim de eleger
o sucessor de Cláudio de Sousa, vaga
que está a poltrona azul vinte e nove,
cujo patrono é Martins Pena, sócio-
-fundador Artur Azevedo e primeiro
ocupante o poeta Vicente de Carvalho
Índice
(...) Apesar de se terem inscritos onze
candidatos, o páreo será disputado
pelos senhores Josué Montello e Celso
Kelly, que são os candidatos mais cotados.
(Diário de Notícias, 03/11/1954)
Dois dos pré-candidatos, Bueno da
Cerqueira e Waldemar Bernadelli, reti-
raram a candidatura. Assim sendo, no
dia da eleição, restavam onze concor-
rentes. Certamente, a madrugada de
04 de novembro de 1954 foi das mais
longas para os onze aspirantes à imor-
talidade.
Tão nervoso quanto os candidatos,
estava o velho escritor Viriato Corrêa.
Seu voto ele sabia de quem era, mas o
que dizer do dos outros? Não sabia. O
jeito era esperar pelo resultado.
O sol foi surgindo, e, com ele, a es-
perança dos experientes homens que
lutavam por umideal. Não havia mais
tempo de fazer campanha. Era hora de
colher os frutos das sementes cultivadas
durante anos e cuidadosamente regadas
ao longo dos últimos meses.
Chegava o dia da eleição.
58 / 125