O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural
O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural
O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
TEATRO SÃO LUÍS<br />
Um texto de João Lisboa<br />
Notas explicativas de Sebastião Moreira Duarte<br />
[É o atual Teatro Artur Azevedo, que antes se chamou Teatro União e tem quase a<br />
mesma idade do Autor deste folhetim. Situado à Rua do Sol, no Centro Histórico de São Luís,<br />
é uma das joias arquitetônicas da cidade, construído por iniciativa de Eleutério Lopes da Silva<br />
Varela e Estêvão Gonçalves Braga. Inaugurado em 1817 como propriedade daqueles senhores,<br />
incorporou-se, pela metade, como patrimônio do Governo da Província, em virtude do art. 41<br />
da Lei de 28 de outubro de 1848. A outra metade passou ao domínio público em 1850 (Lei nº<br />
276, de 22 de outubro). Fechado para reforma, foi reaberto em 14 de março de 1852. Passados<br />
apenas onze dias daquela data, João Lisboa, assinando-se pelo nome de Tímon, por que se fizera<br />
conhecido, extravasa sua veia crítica contra a administração da Casa. Seu estilo mordaz encontra<br />
mais um tema com que exercitar-se. Veículo apropriado para essa manifestação foi o folhetim,<br />
espécie de crônica jornalístico-literária muito em voga no século XIX, quando quase não havia<br />
diferença entre fazer jornal e fazer literatura. Mas se o mundo é um teatro, o teatro é o mundo: do<br />
microcosmo da sala de espetáculos, o Observador alarga vistas para o macrocosmo do ambiente<br />
externo, cujos atores se fazem presentes no Teatro, sem disfarçarem os papéis que representam,<br />
numa sociedade fechada, de aristocracia postiça, parasitária e intringuenta, complacente na<br />
própria ostentação, em cujo meio Tímon habita sem se habituar.<br />
Este folhetim saiu pela primeira vez n’O Publicador Maranhense, nº <strong>11</strong>83, a 25 de março de<br />
1852. João Francisco Lisboa tinha 40 anos quando o publicou. Republicando-o no bicentenário<br />
de seu nascimento, esforçamo-nos por fazê-lo acessível, quanto possível, ao leitor de hoje. As<br />
notas que se acrescem ao texto pretendem servir a tal propósito, sem esgotarem, no entanto, o<br />
que permanece por elucidar, por efeito do teor de referência imediata de que se reveste a folha<br />
de jornal].<br />
Ninguém imagina os reveses e desapontamentos que têm vindo ao pobre<br />
Tímon, 1 uns sobre outros, há tempos a esta parte. Todos sabem como ele teve a<br />
glória de ver fulgurar o seu nome na maior parte das chapas provinciais que o<br />
1 Pobre Tímon: o próprio Joãp Lisboa.<br />
Índice<br />
71 / 125