O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

por esse lado. ROMERO, Sílvio, Histó-
ria da Literatura Brasileira (sem loca-
lização, editor e data; vide p. 7 do citado
opúsculo)
De um conspícuo historiador na-
cional mereceu João.Lisboa. estas pa-
lavras:
“Deveria ter vivido [João Lisboa]
noutro meio mais largo do que um meio
de província, já porque, como escritor,
foi ao âmago das questões que subme-
teu ao seu exame espiritual, já porque,
como homem, pairou sempre acima das
intrigas, grandes ou pequenas. Vivendo
longe dos meios mais adiantados, não se
tornou excêntrico, nem sequer pedan-
te. Foi um precursor da moderna escola
científica da história, sem verbosidades
ocas, sem chinesices ridículas e sem
gongorismos filosóficos (LIMA, Olivei-
ra, Parnamirim, fevereiro de 1919).
“Não menos importante é a Vida
do Padre Antônio Vieira, que deixou
incompleta e que com excessivos es-
crúpulos não julgava em condições de
ser publicada. “Estes papéis devem ser
queimados, sem serem lidos, quando eu
Índice
o determinar.” – disse em nota do seu
punho no invólucro que os guardava.
Obra inacabada, mas em que se sente o
biógrafo à altura do grande jesuíta, bió-
grafo e não panegirista. SOUSA, Otávio
Tarquínio. Prefácio às Obras Escolhi-
das, Rio de Janeiro, Améric Edit. 1946).
Do Catálogo da Imprensa no Ma-
ranhão, que vinha preparando à época,
disse dele o saudoso humanista mara-
nhense Domingos Vieira Filho:
“Lisboa [...] não é um simples ca-
ricaturista do grotesco que intencio-
nalmente deformasse os traços de suas
figuras pra com isso obter efeitos ines-
perados. Não. Ele perquire a alma das
criaturas, revolvendo-lhes o imo pra
perscrutar-lhes os segredos. Utiliza an-
tes a caricatura com meio hábil para
personificar a condição humana em
suas vicissitudes. Por outro lado, não
fez humorismo jovial. Em seus retratos
morais está bem mais próximo do riso
amargo de Daumier do que da garga-
lhada jogralesca de Hogarth...
Enfim, o patriarca de nossa histo-
riografia científica assim considera o
113 / 125