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O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

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de escritores medievais e clássicos<br />

portugueses, a despeito da presença<br />

discreta de brasileiros (assim mesmo<br />

estrangeirados) como José Basílio da<br />

Gama, os padres Santa Rita Durão e<br />

Antônio Pereira de Sousa Caldas, o<br />

marquês de Maricá e o abrasileirado<br />

Tomás Antônio Gonzaga.<br />

Por acaso era rebarbativa a<br />

exemplificação de casos gramaticais<br />

com exemplos colhidos aos clássicos<br />

portugueses em meados do século<br />

passado? Vejam-se dois casos<br />

parecidos: o gramático português<br />

Natividade justifica haver retirado<br />

ao padre Antônio Vieira todo o<br />

exemplário de sua obra, com este juízo<br />

de dom Francisco Alexandre Lobo (in<br />

Memoria sobre a vida e escriptos do<br />

Padre Antonio Vieira): “Se a língua<br />

portuguesa se perdesse, se acharia<br />

toda quanto à prosa em Vieira, assim<br />

como quanto ao verso em Camões”.<br />

E que dizer da gramática do suíço<br />

Charles Adrien Olivier Grivet (1816-<br />

Índice<br />

1876), que, após uma estada de apenas<br />

dois anos na Rússia, domiciliou-se<br />

na cidade de São Sebastião do Rio<br />

de Janeiro a primeiro de abril de<br />

mil oitocentos e cinquenta e seis? Aí<br />

regularmente lecionando, após seu<br />

nono ano de permanência, publicou<br />

uma alentada gramática, que iria<br />

merecer uma segunda edição póstuma,<br />

por ele deixada corrigida e bastante<br />

aumentada. Pasme-se. Vivendo na<br />

Corte e dela tirando seu sustento, esse<br />

preconceituoso senhor não honrou<br />

nenhuma das seiscentas e vinte e duas<br />

páginas de seu manual com exemplos<br />

de qualquer escritor brasileiro antigo<br />

ou contemporâneo seu.[2]<br />

Julgar Sotero fora de seu tempo<br />

e de seu espaço implica desfocar a<br />

verdade dos fatos. Quando, na década<br />

de sessenta do século dezenove,<br />

publicou suas obras gramaticais,<br />

ainda gozava de prestígio em nosso<br />

país a Gramática Filosófica, herança<br />

de Port-Royal e do sistema dos<br />

enciclopedistas, que procuravam<br />

estabelecer os princípios gerais da<br />

língua. Sotero concebeu suas obras<br />

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