O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

os derrotados poderiam inscrever-se de
novo para processo.
Os imortais pegavam o elevador da
ABL em grupo de quatro membros (o
número máximo suportado pelo eleva-
dor naquela época) e se dirigiam para
um salão reservado, onde tomavam
chá e conversavam, esperando a hora
do voto. Antônio Carneiro Leão, Alceu
Amoroso Lima, Otávio Mangabeira,
Guilherme de Almeida e Afonso de Tau-
nay não puderam comparecer à sessão,
mas enviaram seus votos. O acadêmico
recém-eleito Luís Viana Filho ficou im-
pedido de votar, pois ainda não havia
sido empossado, e o regimento interno
da Casa rezava que somente os eleitos e
já empossados tinham direito a voto.
Alguns minutos antes das cinco ho-
ras, o então presidente da instituição,
Barbosa Lima Sobrinho, interrompia
as conversas e o chá para anunciar que
estava na hora de todos se dirigirem
para o local da votação.
Aquele dia era especial em todos os
Índice
sentidos. Uma das principais atrações
do evento era a presença de Magalhães
de Azeredo, o único dos fundadores da
Academia que ainda estava vivo. Há
muitos anos ele estava afastado fisica-
mente das eleições, mas sempre enviava
seus votos. Naquele ano, em passagem
pelo Brasil, sua estada coincidiu com a
época da eleição. Ele não se furtou ao
dever de votar pessoalmente naquela
data. Por sua autoridade de fundador,
foi-lhe dado o direito de ser o primei-
ro a depositar o voto. Depois dele, um a
um, os imortais foram efetivar suas es-
colhas.
Minutos depois, estava encerrada a
votação. Restava, agora, esperar as apu-
rações.
Foi dado início à contagem do pri-
meiro escrutínio, não havia novidades.
Celso Kelly e Josué Montello eram os
mais votados. Todos já se preparavam
para o segundo escrutínio. A tensão
pairava no ar. Restava apenas um voto
para ser apurado. Caso fosse para Kelly
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