O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

edição de 20 de julho de 1954, já o co-
locava em situação privilegiada ao es-
pecular sobre os possíveis aspirantes à
vaga.
Os favoritos do novo páreo são o
senhor Celso Kelly e o não-inscrito Josué
Montello. Pode haver novidades.
O romancista maranhense estava
confiante na vitória, mas não revelava
essa confiança à imprensa. Em seu ar-
quivo pessoal, há uma tabela na qual ele
anotava os possíveis votos que ele re-
ceberia nos quatro escrutínios progra-
mados. A tabela é uma folha de papel
que traz datilografados os nomes dos
eleitores e as respectivas intenções de
voto. Uma análise no documento mos-
tra que ele esperava uma vitória no 1º
ou no 3º escrutínio, conforme ele mes-
mo confessaria mais tarde, após o re-
sultado:
Eu sabia contar com os amigos que
me acompanhariam em todas as fases
da votação. Eles eram em número de
onze. Outros votariam no primeiro e
no terceiro escrutínio. Entre o primeiro
e o segundo a coisa estava mais ou
Índice
menos equilibrada.
(O Imparcial, 08 de novembro de 1954)
A respeito de suas esperanças de
vitória, na mesma reportagem, o escri-
tor dizia:
Como a votação é secreta nenhum
candidato pode afirmar que vai ganhar,
mas apenas externar suas esperanças.
Eu tinha também as minhas, é
claro.
(O Imparcial, 08 de novembro de 1954)
Quando recebeu a carta de Viriato
Corrêa, que lhe pedia que voltasse ao
Brasil rapidamente, Montello respon-
deu-lhe com o seguinte telegrama: “Es-
tou arrumando mala. Seguirei breve.
Abraços.”
Poucos dias depois, ele estava de
volta ao país, para cumprir as formali-
dades de candidatura.
Em suas cartas aos acadêmicos,
Montello já lhes avisava que, quando
voltasse ao Brasil, faria visitas oficiais
na qualidade de candidato. E assim
fez. Iniciou uma longa peregrinação de
entrevistas com os imortais, tentando
convencê-los de que seu nome era uma
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