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O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

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elas para seu tempo uma necessária<br />

introdução estilística aos textos<br />

medievais e clássicos. Diversamente da<br />

Grammatica gerall, que privilegiava<br />

os aspectos universais da língua<br />

falada sem preocupação prescritiva,<br />

as Postillas de Sotero elegeram um<br />

corpus literário por ele reputado como<br />

modelar, e tinhas claros objetivos<br />

prescritivos.<br />

Nelas, ele estudou a disposição<br />

dos termos e das orações no período;<br />

esmiuçou os “idiotismos” de toda<br />

ordem; esclareceu dificuldades<br />

gramaticais encontradiças na<br />

construção do texto; advertiu para<br />

o respeito à grafia de cada sincronia<br />

da língua para colher-se, o mais fiel<br />

possível, a pronúncia de cada tempo; e<br />

demorou-se longamente na apreciação<br />

dos desvios estilísticos à disposição<br />

dos usuários da língua literária. Era<br />

esse seu objetivo maior.<br />

Mais do que um simples manual<br />

de análise sintática, repetimos, é um<br />

pioneiro esboço de tratado de estilística<br />

literária. Assim explicou Sotero a<br />

inserção de textos dos escritores mais<br />

Índice<br />

antigos no suplemento à quinta parte<br />

da edição de que nos ocupamos:<br />

Neles poderá o leitor não só ver<br />

confirmado com maior número de au-<br />

toridades o juizão, que emitimos sobre<br />

as modificações por que tem passa-<br />

do a língua, desde nossos mais anti-<br />

gos escriptores até nós, como formar<br />

também o seu com segurança; sem<br />

ter presentes os respectivos originaes,<br />

hoje pela mor parte raros. (id., ibid.,<br />

p. 229; destaque na transcrição).<br />

E não se venha cobrar de Sotero<br />

(falecido em 1871) o conhecimento das<br />

obras do americano William Dwight<br />

Whitney, que entendia a linguagem<br />

como fato social e instrumento de<br />

comunicação. As obras desse linguista<br />

(traduzimos-lhe os títulos) são Vida<br />

e crescimento da língua, de 1875,<br />

e A língua e o estudo da língua, de<br />

1876, ambas posteriores à data de<br />

falecimento do maranhense. Somente<br />

a partir da década seguinte é que<br />

Paranhos da Silva, José Veríssimo e<br />

João Ribeiro começaram a citar esse<br />

Autor entre nós.<br />

Também não se venha falar da<br />

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