C:\ARQUIVO DE TRABALHO 2010\EDI - Unama

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106 ticalização da produção exige a organização da produção, caso contrário o custo de transporte inviabiliza a comercialização do produto. O padrão de financiamento da produção de ovinos com recursos do FNO 1 no estado do Pará e Região Norte, apresentou descontinuidade e grande instabilidade no período de 1990 a 2009. Especificamente no Pará, o Banco da Amazônia liberou crédito de FNO em valores simbólicos e em projetos aleatórios até 2001. Na maior parte desse período não houve financiamento da atividade. A partir de 2002 valores mais expressivos foram aplicados, porém com grande oscilação. Em 2002, foi aplicado o valor de R$ 276.031,00 para a aquisição de um rebanho de 969 cabeças. Em 2003, o valor caiu para R$ 76.672,00 para adquirir 69 cabeças (tabela 4). Tal oscilação volta a ocorrer nos próximos dois anos, depois aumenta e se mantém em patamar acima dos R$ 300,00 mil, em função dos recursos do PRONAF, específicos para apoiar atividades propulsoras de desenvolvimento local. Este comportamento é típico de que o Banco da Amazônia não tem ainda uma carteira de crédito para apoiar a expansão da produção, organização e verticalização da cadeia produtiva de ovinos e caprinos na Amazônia. Por não se dispor de informações sobre o retorno da atividade na Região, o Banco da Amazônia racionaliza o crédito. Isto é uma fragilidade dos agentes da cadeia que não conseguem demonstrar o retorno da atividade, segundo o padrão tecnológico adotado. Além disso, não se posicionaram com relação aos problemas técnicos e socioeconômicos, que podem conduzir a um processo de inadimplência elevado, com o financiamento de 10 animais (9 fêmeas e 1 macho) no âmbito do PRONAF, que pode tornar a política economicamente insustentável e pode criar grandes entraves futuros para a organização da cadeia. O crédito apresentou comportamento ao mesmo tempo volátil, ao longo do período, e intermitente, com longo período sem financiamento. No período de 2002 a 2008, quando se passou a aportar um montante de recursos a cada ano na atividade, apresentou alto coefici- Tabela 4: Evolução do número de cabeças financiadas e do valor do FNO liberado no período de 1990 ao primeiro semestre de 2009. 1 Base de dados fornecida pelo Banco da Amazônia. Movendo Ideias, Belém, v. 14, n.1, p.99-111, jun. 2009
ente de variação tanto no Pará, que foi de 55,82%, quanto na Região Norte como um todo, que foi de 48,21%, o que representa um elevado risco para o tomador de crédito que vai investir em infraestrutura e tecnologia. 4 MERCADO <strong>DE</strong> CARNES OVINA E CAPRINA NO BRASIL A carne de ovino e caprino é um tipo de carne vermelha com alto padrão de qualidade pelo teor nutritivo, propriedades organolépticas diferenciadas, menor teor de gordura e fácil digestibilidade em relação à carne bovina. Apesar destas características, o consumidor brasileiro somente agora está passando a se interessar pelo produto. Com os investimentos realizados em marketing e difusão do produto em pratos especiais encontrados nos restaurantes de elevado padrão e venda em grandes redes de supermercados. No Brasil, a “carne de criação” como é chamada no Nordeste, é relegada à população de baixa renda, uma vez que é comercializado na “tora”, ou seja, carne com osso nas feiras livres e nos açougues. Neste caso, o rendimento é menor do que a carne de boi com osso, porque tem menos massa muscular. Assim, a maior parte do consumo é realizada dentro das fazendas. Portanto, tem-se um produto genuinamente vinculado ao processo de desenvolvimento local. Com o avanço das informações sobre a carne de ovinos, ofertadas para venda em cortes especiais nas redes de supermercados dos grandes centros urbanos, o consumo, embora baixo, está evoluindo à taxa de 10,88% ao ano no período de 1997 a 2008. No mesmo período, a oferta cresceu à taxa de 6,42% ao ano, inferior ao crescimento do consumo, o que projeta uma escassez do produto no mercado brasileiro. Em 2008, a diferença entre o consumo (730 g/hab/ ano) e a oferta (467,11 g/hab/ano) foi de 272,89 g/hab/ano. Atualmente, parte deste déficit está sendo suprido com importações de carne (figura 1). Nas regiões Sul e Nordeste, mais de 50% 107 Figura 1: Evolução da disponibilidade e do consumo per capita de carne de ovino e caprino no Brasil, 1997 a 2009. Movendo Ideias, Belém, v. 14, n.1, p.99-111, jun. 2009
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