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C:\ARQUIVO DE TRABALHO 2010\EDI - Unama

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Nas três comunidades visitadas, a agricultura<br />

sem queima ainda está em fase de experimentação.<br />

Os agricultores dividem a área em<br />

duas partes: uma para a agricultura sem queima<br />

e a outra para a queima. Os agricultores<br />

garantem que essa prática que é feita pelos<br />

agricultores é porque existe apenas uma máquina<br />

na região e que não tem condições de<br />

atender à demanda dos agricultores. Eles ainda<br />

estão queimando para plantar porque temem<br />

ficar sem alimentos e sementes para o<br />

plantio no ano seguinte. O nível de conscientização<br />

sobre a questão ambiental nessas comunidades<br />

é bastante avançado. Os agricultores<br />

são cadastrados no Programa PROAMBIENTE,<br />

cujos técnicos ministram cursos, treinamentos<br />

e desenvolvem várias atividades de preservação<br />

ambiental.<br />

Em Mãe do Rio, o problema também é a<br />

falta de recursos financeiros. Ao serem questionados<br />

sobre a importância da agricultura<br />

sem queima, reconhecem as vantagens e benefícios<br />

proporcionados pelo sistema de corte<br />

e trituração, mas reclamam dos custos elevados<br />

demais, e a existência de apenas uma máquina,<br />

que não atende à demanda na região.<br />

Como alternativa, sugerem uma parceria com<br />

a prefeitura local que possibilite a aquisição<br />

de uma máquina exclusiva para as comunidades<br />

na região nordeste do estado.<br />

As comunidades não possuem os recursos<br />

necessários para a aquisição de uma máquina,<br />

por isso ainda estão parcialmente derrubando<br />

e queimando para o plantio. Por outro<br />

lado, garantem que o problema não é só<br />

esse, mas, principalmente, precisam de pessoas<br />

preparadas para gerenciar os recursos<br />

dentro da comunidade. Os agricultores, de<br />

modo geral, lamentam que tudo isso depende<br />

de vontade política e ação das instituições do<br />

governo, “se isso não for feito, a implementação<br />

do sistema de trituração da capoeira ainda<br />

vai demorar acontecer”.<br />

3.3.1 Entrevistas com os agricultores em Mãe<br />

do Rio<br />

Em Mãe do Rio já existe o programa de preservação<br />

ambiental, feito na localidade e que está<br />

contribuindo para que os agricultores já comecem<br />

a aderir ao sistema de trituração sem queima, de<br />

forma consciente, isto é, sabendo dos benefícios<br />

que podem trazer à vida dos agricultores, como<br />

explica o agricultor Joaquim Maia (68).<br />

Aqui ninguém quer mais derrubar pra plantar<br />

porque o fogo está ameaçando a vida<br />

do homem na terra. A trituração dá trabalho<br />

no início, mas depois a mão de obra<br />

diminuiu. Só que a vinda da máquina é<br />

programada. Se der algum problema, o<br />

agricultor perde o período de plantio.<br />

Para o informante José Ailton Moreira (37)<br />

A Tritucap exige que a área seja plana.<br />

Não deve ter pedra; não pode ser desnivelado.<br />

A capoeira deve ter, mais ou<br />

menos, de 5 pra 8 anos. Passando de 8<br />

anos, a máquina não tritura mais. Tudo<br />

isso a gente tem que ver.<br />

O agricultor Longino Reis (61) lamenta:<br />

Ainda estou queimando porque não<br />

tem uma máquina para atender toda a<br />

comunidade. A gente sabe que é bom<br />

para todos, mas não se pode esperar<br />

de ano em ano. Assim a gente corre o<br />

risco de não ter nem farinha pra comer.<br />

Antônia Maria Cordeiro (75) ratifica:<br />

A tecnologia é excelente. Participei de<br />

alguns cursos e vi os danos que podem<br />

ser evitados por essa técnica. A fumaça<br />

prejudica a vida da gente. Antes, se<br />

queimava a roça e passava pra área do<br />

vizinho agora a gente sabe como controlar.<br />

A mão de obra nem se compara<br />

como antes. A gente ganha tempo e a<br />

terra fica mais forte. As plantações<br />

nascem mais viçosas.<br />

129<br />

Movendo Ideias, Belém, v. 14, n.1, p.113-136, jun. 2009

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