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C:\ARQUIVO DE TRABALHO 2010\EDI - Unama

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30<br />

teressante que as populações humanas na Amazônia<br />

constituem, na realidade, uma parte dos<br />

ecossistemas nos quais vivem. Assim, suas relações<br />

com o resto do ecossistema na região<br />

dependem estritamente das populações, visto<br />

que diferenças culturais, diferenças na riqueza<br />

e poder político de cada uma delas, resultam<br />

em grandes diferenças no impacto ambiental<br />

das atividades de cada grupo.<br />

Conforme Fearnside (2003), o impacto da<br />

população humana mudou com o passar do tempo<br />

em função das mudanças no tamanho e na<br />

distribuição espacial dos diferentes grupos de<br />

atores, na medida em que seus níveis de atividade<br />

respondem a vários estímulos do mercado<br />

e do governo. Compreendem exemplos de impactos<br />

de atividades humanas na região em ecossistemas<br />

terrestres: desmatamento, exploração<br />

madeireira e o incêndio florestal; e em ecossistemas<br />

aquáticos: as hidrovias, a exploração pesqueira,<br />

a poluição e as represas hidrelétricas, fatores<br />

que serão discutidos mais adiante.<br />

O autor chama a atenção para a tremenda<br />

biodiversidade de espécies verificadas na floresta<br />

amazônica e alerta que esta biodiversidade é<br />

perdida quando florestas são cortadas e convertidas<br />

em pastagens, devido ao uso dominante<br />

de áreas desmatadas. Fearnside afirma que “a<br />

maior oportunidade para manter áreas significativas<br />

de floresta se encontra na negociação com<br />

os povos indígenas, cujas áreas representam uma<br />

parte considerável da floresta restante em muitas<br />

áreas, e que as qualificações como guardiões<br />

da floresta são muito melhores do que no caso<br />

de outros atores na região”.<br />

Em suma, Fearnside (2003) observa que a<br />

contribuição da perda da floresta às mudanças<br />

climáticas, juntamente com outras mudanças<br />

globais, fundamenta a adoção de uma estratégia<br />

nova para sustentar a população da região.<br />

Em vez de destruir a floresta para poder produzir<br />

algum tipo de mercadoria, se usaria a manutenção<br />

da floresta como gerador de fluxos monetários,<br />

baseados nos serviços ambientais da<br />

floresta, ou seja, o valor de evitar os impactos<br />

que se seguem à destruição da floresta.<br />

A riqueza da biodiversidade da Amazônia<br />

não está imune aos riscos causados pelo<br />

desmatamento, no qual a maioria das espécies<br />

de áreas tropicais não pode sobreviver às mudanças<br />

radicais provocadas pelo corte e queima<br />

de florestas; pela exploração madeireira, em<br />

que se verificam inclusive impactos indiretos<br />

por levar à construção de estradas de acesso e<br />

por prover fazendeiros com recursos para a expansão<br />

de pastagens; pelos incêndios causados,<br />

muitas vezes, pela flamabilidade, resultado da<br />

exploração madeireira; pela fragmentação da<br />

floresta, em uma paisagem de pequenos retalhos<br />

que pode conduzir à redução da biodiversidade;<br />

pela extinção da fauna; pela invasão de<br />

espécies exóticas e pelas mudanças climáticas,<br />

que incluem nos efeitos do aumento de temperatura<br />

causado pelo efeito estufa, aumento<br />

de concentração de gás carbônico e alteração<br />

no regime de chuvas.<br />

Quanto ao valor financeiro de benefícios<br />

utilitários, Fearnside (2003) discute os vários<br />

fatores determinantes do valor financeiro, os<br />

produtos florestais comercializados atualmente,<br />

os produtos florestais inexplorados e o valor<br />

monetário de benefícios ambientais. Contudo,<br />

cita também valores não monetários da<br />

floresta tropical, que compreendem aqueles<br />

valores referentes à vida nas florestas, ao lar de<br />

culturas únicas que são altamente ameaçadas,<br />

entre outros, e são fundamentais nas decisões<br />

humanas sobre o futuro desses ecossistemas.<br />

Ao procurar perceber mais diretamente os<br />

reflexos da relação homem-ambiente na Amazônia,<br />

demonstra-se a questão das hidrelétricas<br />

no estado do Pará. A implantação de grandes projetos<br />

hidrelétricos ocasiona a emissão de gases<br />

emitidos à atmosfera. O primeiro deles é o dióxido<br />

de carbono (CO 2<br />

). O aquecimento global<br />

representa uma realidade, onde a emissão de<br />

Movendo Ideias, Belém, v. 14, n.1, p. 21-35, jun. 2009

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