C:\ARQUIVO DE TRABALHO 2010\EDI - Unama

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116 SYSTEM OF TRITURAÇÃO OF THE CAPOEIRA WITH FOCUS IN THE SUPPORT OF THE NATU- RAL RESOURCES OF THE AMAZÔNIA: an analysis of the Tipitamba Project as an agent of changes of practical of knocks down and burns for not the use of the fire ABSTRACT The Replacement of the burning and deforesting agriculture for the grinding system of poultry without the use of fire within the farming techniques are recommended by the Tipitamba Project, which is able to change the life quality of farmers who change a traditional system of agriculture to a modern system of land use. This is the purpose of this article which seeks to understand the project as an agent of change that focuses on the sustainability of natural resources. With this perspective, there was a case study, with methods of a type of qualitative research - quantitative data, which consists of primary and secondary nature. An intentional sample composed of 63 farmers: 25 in Igarapé- Açu, 11 in Mãe do Rio and 13 in Barcarena, enable to evaluate the relevance of the Project and the profound contributions offered by grinding the poultry system developed in the region. Interviews with farmers and community agents have identified the transition occurring in ecological design and the direction that burn and agriculture were taking focusing on agroforestry systems - SAFs. This new mode of production is proposed as the diversification of the plantation, in one area, composed of plantations, trees, small, medium and large animals, looking for renewable natural resources sustainability in the Amazon region. Keywords: Change. Deforesting and Burning. Agriculture Without Burning. Natural Resources Sustainability. 1 INTRODUÇÃO Os primórdios da história da Região Amazônica mostram que o homem sempre teve intima relação com a capoeira para o plantio de suas roças. Burger (1991) e Denich (1991) apresentam certa visibilidade para os diversos papéis desempenhados por esse tipo de vegetação secundária, no contexto dos sistemas de produção do agricultor familiar na região, especialmente do nordeste paraense. Esses estudos apontam para a possibilidade da capoeira incorporar tecnologias que possibilitam triturar as vegetações, fertilizar o solo e, com os resíduos orgânicos da vegetação, impedir a emissão de carbono, aumentando, inclusive a produtividade. As pesquisas até então desenvolvidas mostram que a capoeira bem manejada é capaz de acumular a biomassa e nutrientes que servem ao cultivo subsequente (DENICH, 1991) e (DENICH et al. 2000); que o bombeamento de água e nutrientes de camadas mais profundas é superior ao alcançado pelos cultivos anuais (SOMMER, 2000); que o controle de erosão pela presença das raízes das espécies da capoeira, mesmo na fase de cultivo, constitui-se numa “rede protetora”, (SOMMER, 2001); que a mata ciliar mantida às margens dos igarapés reduz a perda de nutrientes e a contaminação de aquíferos pela aplicação de insumos químicos (WI- CKEL et al. 2002); que a capacidade de troca de vapor de água com a atmosfera é semelhante à encontrada em florestas primárias (HÖLSCHER et. al. 1997) e, finalmente, que a capoeira é capaz de manter a biodiversidade na paisagem agrícola (BAAR, 2000). De acordo com esses estudos, o manejo inadequado da capoeira no sistema de derruba e queima acelera o processo de degradação desse sistema de uso da terra; aumenta a demanda por insumos, (fertilizantes e pesticidas), Movendo Ideias, Belém, v. 14, n.1, p.113-136, jun. 2009
ou variedades melhoradas para as culturas. Dada a função e o papel da agricultura familiar na produção de alimentos para a sociedade. Essa realidade é preocupante. Os estudos citados mostram que a pressão crescente sobre a terra, associada ao aumento na demanda pela produção de alimentos, fatores de mercado e o particionamento da terra entre descendentes, assim como mudanças em práticas de agricultura, reduzem a capacidade do sistema com base em capoeiras e, consequentemente, a sua produtividade. Portanto, torna-se cada vez mais relevante o aprofundamento das pesquisas sobre o manejo da capoeira de forma adequada no contexto da agricultura familiar. Nos anos 80, um acordo celebrado entre os governos brasileiro e alemão permitiu que a Embrapa e Universidades de Bonn e Göttingen, na Alemanha, desenvolvessem o Projeto SHIFT - Capoeira, hoje Tipitamba. O esforço conjunto teve, desde o início, o objetivo de viabilizar o futuro sustentável da agricultura familiar na região do nordeste do Pará, focalizando o manejo da capoeira, em especial na fase de pousio. Além de alavancar o estado de abandono da capoeira, as pesquisas buscavam melhores condições de uso da terra aos agricultores familiares. O projeto desenvolveu tecnologias de ponta, no sentido de melhorar o sistema de cultivo migratório tradicional que são mais adversos à produtividade e agressivos ao meio ambiente, dentre outros, o preparo de área, reduzindo o período de pousio. A equipe responsável por essa tecnologia procurou interagir com os agricultores, ao longo das fases do projeto, desenvolvendo a pesquisa orientada à implementação. Para isso, definiu os parâmetros políticos à introdução do sistema e uso da terra mecanizado de corte/cobertura morta através de um amplo teste de abordagem participativa em nível de comunidade, envolvendo o equipamento, assim como os módulos tecnológicos associados. Dentre outros benefícios, balizou um programa (governamental) visando à substituição do sistema de corte e queima por uma alternativa mais desejável, de corte e cobertura morta. Nessa perspectiva, estabeleceu parcerias públicas e privadas, treinou profissionais acadêmicos e não acadêmicos no campo de uso sustentável da terra, sensibilizou professores e alunos de escola e estabeleceu uma estrutura funcional de pesquisa em uma instituição brasileira, como a Embrapa. Duas décadas depois, esses estudos permitiram comprovar a importância do papel da capoeira nos aspectos ambientais e socioeconômicos, como componente do sistema rotacional de uso da terra adotado por grande parte dos agricultores da Amazônia, em especial no nordeste do Pará (HEDDEN-DUNKHORST, B.; DENICH, M.; VIE- LHAUER, K.; MENDONZA – ESCALANTE, A.; BOR- NER, J.; HURTIENNE, T.; SOUZA FILHO, F.R.; SÁ, T.D. de A.; COSTA, F. de A., 2003) Nos anos 90 e início deste milênio, equipes interdisciplinares desenvolveram estudos em relação ao solo para o plantio: (I) a fase de cultivo subsequente, incluindo o acompanhamento e o rendimento (VIELHAUER & SÁ, 2000; VIELHAUER et al. 2000a); (II) a ocorrência de invasoras e de aspectos ecofisiológicos (SOUSA et al. 2000); (III) essa mesma experiência em relação aos cultivos de milho e mandioca (VIE- LHAUER et al.2000b); (IV) o monitoramento da umidade do solo (SOUSA et al. 2001); (V) o monitoramento da participação da água da chuva na fase de pousio subsequente (FREIRE et al., 2000) e (VI) o monitoramento do fluxo de gases associados ao efeito estufa (OLIVEIRA et al. 2000; OLIVEIRA, 2001). No que se refere ao manejo com espécies florestais foram estudadas cinco espécies de leguminosas arbóreas de rápido crescimento (Acacia mangium, Acacia angustissima, Inga edulis, Clitoria racemosa e Sclerolobium paniculatum), plantadas no início da cultura da mandi- 117 Movendo Ideias, Belém, v. 14, n.1, p.113-136, jun. 2009
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