C:\ARQUIVO DE TRABALHO 2010\EDI - Unama
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bitat e não fornece uma base adequada para o<br />
gerenciamento ambiental. É fundamentalmente<br />
um conceito reducionista e preservacionista.<br />
O que é necessário é uma abordagem diferente<br />
da visão deste paradigma, com foco no<br />
desenvolvimento de estratégias que busquem<br />
assegurar que as transformações globais levem<br />
a sistemas humanizados de natureza sustentáveis<br />
que caracterizam a proposta do autor.<br />
Todavia, Hardin (2002) alerta que os problemas<br />
humanos não possuem solução técnica,<br />
e sim que a solução está baseada em modificações<br />
morais e éticas, que só podem ser atingidas<br />
por meio de conscientização que, por sua<br />
vez, é resultado da educação. Assim, o autor<br />
conclui que a solução reside em um processo<br />
de educação interior no intuito de admitir a<br />
possibilidade de coerção dos outros prejudicados.<br />
Mútua coerção com mútuo consentimento.<br />
Mas para isso faz-se necessário adquirir-se<br />
um maior nível de consciência com relação aos<br />
problemas comuns, buscando constantemente<br />
educação e disciplina.<br />
4 A ECOLOGIA E A IMPORTÂNCIA DAS RELA-<br />
ÇÕES HOMEM-AMBIENTE NA AMAZÔNIA<br />
A ecologia compreende uma área das ciências<br />
biológicas que estuda os seres vivos em<br />
relação ao ambiente. Os ecólogos, assim como<br />
os cientistas, supõem que existe uma realidade<br />
organizada na natureza e que podem formular<br />
princípios que refletem de modo adequado<br />
essa ordem natural. Não é de se estranhar que<br />
a ecologia e seus meandros reservem imensos<br />
conteúdos que, por meio das relações homemambiente,<br />
sirvam como ricos subsídios na discussão<br />
do desenvolvimento regional e, oportunamente,<br />
de fontes de energia apropriadas a<br />
esse desenvolvimento.<br />
Begossi (1993), tendo por base esse contexto,<br />
discute a utilização de conceitos ecológicos<br />
por outras áreas, como a antropologia, a<br />
geografia, a sociologia e a psicologia, que apresentam<br />
desenvolvimentos próprios de ecologia.<br />
Para se entender a relação do homem com<br />
a natureza é necessário conhecer os conceitos<br />
de ecológico e biológico, assim como modelos<br />
analíticos de ecologia. É nesse sentido que a<br />
autora atenta à necessidade de conhecer algumas<br />
abordagens de ecologia humana como a<br />
ecologia cultural, a etnobiologia, a sociobiologia,<br />
os modelos de subsistência e de transmissão<br />
cultural e a ecologia aplicada. Essas abordagens<br />
não apresentam divergências e sim se apresentam<br />
complementares, pois trabalham perguntas<br />
distintas e possuem metodologias próprias<br />
de ação.<br />
A seguir, apresenta-se uma breve análise<br />
conceitual a respeito dessas abordagens com o<br />
propósito de melhor compreender as relações<br />
entre o homem e a natureza. A primeira abordagem<br />
é a da ecologia cultural, que estuda os<br />
modos em que o homem se relaciona com o<br />
ambiente e como as atividades humanas afetam<br />
esse ambiente. A ecologia cultural tenta<br />
explicar a origem dos rasgos culturais característicos<br />
e as formas que caracterizam distintas<br />
zonas. Begossi cita Steward (1955) quando inclui<br />
na ecologia as características culturais relacionadas<br />
à subsistência e à economia, por entender<br />
que a cultura inclui tecnologia, economia<br />
e organização social.<br />
A etnobiologia, por sua vez, tem o objetivo<br />
de analisar a classificação das comunidades<br />
humanas sobre a natureza, em particular sobre<br />
os organismos. A existência ou não de regras ou<br />
princípios universais de classificação representa<br />
ponto importante das preocupações nesse<br />
estudo. A etnobiologia origina-se da antropologia<br />
cognitiva, em particular da etnociência,<br />
que busca entender como o mundo é percebido,<br />
conhecido e classificado por diversas culturas<br />
humanas.<br />
Conforme Begossi (1993), o enfoque da<br />
Movendo Ideias, Belém, v. 14, n.1, p. 21-35, jun. 2009