23.10.2014 Views

Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

12<br />

Na esfera <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre cinema e censura, <strong>do</strong>is trabalhos pioneiros 8<br />

procuraram traçar o percurso da censura cinematográfica no Brasil republicano sem<br />

atentarem, contu<strong>do</strong>, para um aspecto que, ao nosso ver, parece crucial e que se tornou o<br />

foco principal <strong>de</strong>sta tese: como os governos militares investiram pesadamente na<br />

construção <strong>de</strong> uma indústria cinematográfica no Brasil – com a criação <strong>de</strong> organismos<br />

<strong>de</strong> apoio (INC e CONCINE) e da empresa Embrafime que estimulavam o setor – e, ao<br />

mesmo tempo, censuraram os filmes feitos com verbas estatais?<br />

Qualquer película cinematográfica para ser exibida em território nacional<br />

<strong>de</strong>veria passar pela DCDP. Sen<strong>do</strong> assim, nos <strong>de</strong>paramos com filmes que foram<br />

completamente censura<strong>do</strong>s, outros que foram libera<strong>do</strong>s sem nenhum tipo <strong>de</strong> restrição e<br />

ainda vários que sofreram alguns cortes em <strong>de</strong>terminadas cenas e foram parcialmente<br />

libera<strong>do</strong>s. Ora, qual o méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> pela censura para esse tipo <strong>de</strong> avaliação? Qual o<br />

papel da DCDP na estrutura <strong>do</strong>s governos militares e qual a função da Embrafilme<br />

nesse ambiente <strong>de</strong> produção que convivia com a censura? Talvez o que primeiro nos<br />

tenha chama<strong>do</strong> atenção seja a hipótese <strong>de</strong> ter havi<strong>do</strong> certa “atitu<strong>de</strong> benevolente” da<br />

DCDP em relação aos filmes nacionais e, principalmente, aos que receberam<br />

financiamento da Embrafilme.<br />

O perío<strong>do</strong> da ditadura militar, que se esten<strong>de</strong>u <strong>de</strong> 1964 – com o golpe civilmilitar<br />

a João Goulart, e seu recru<strong>de</strong>scimento em 1968 – até 1985, com a eleição <strong>de</strong><br />

Tancre<strong>do</strong> Neves, <strong>de</strong>ixou marcas profundas na socieda<strong>de</strong> brasileira, até hoje<br />

rememoradas. Nesse senti<strong>do</strong>, a censura política e a moral fazem parte das questões que<br />

<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>batidas para enten<strong>de</strong>r mais aprofundadamente o perío<strong>do</strong>.<br />

Os primeiros trabalhos sobre o Golpe militar foram publica<strong>do</strong>s ainda no calor da<br />

hora e apresentaram diferentes abordagens sobre o perío<strong>do</strong>: O ato e o fato <strong>de</strong> Carlos<br />

Heitor Cony, 9 representou uma das primeiras manifestações <strong>de</strong> protesto contra o golpe<br />

<strong>de</strong> 1964. Também o conheci<strong>do</strong> livro <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> jornalistas que se propôs a analisar<br />

o momento político pelo qual o país passava intitula<strong>do</strong> Os i<strong>do</strong>s <strong>de</strong> março e a queda em<br />

abril, 10 traçou um panorama sobre os meses que antece<strong>de</strong>ram a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> João<br />

Goulart e, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a introdução assinada por Otto Lara Resen<strong>de</strong>, procurou juntar<br />

8 Dois importantes trabalhos sobre a censura cinematográfica no Brasil são: PINTO, Leonor Estela Souza.<br />

Le cinema brésilien au risque <strong>de</strong> la censure: pendant la dictature militaire <strong>de</strong> 1964 a 1985. Tese <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> ao Departamento da Ecole Supérieure d´Audiovisuel da Université <strong>de</strong> Toulouse-<br />

Le Mirail, 2001. SIMÕES, Inimá. Roteiro da Intolerância. Op. cit.<br />

9 CONY, Carlos Heitor. O ato e o fato: crônicas políticas. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Civilização brasileira, 1968.<br />

10 DINES, Alberto. [et. alli]. Os i<strong>do</strong>s <strong>de</strong> março e a queda em abril. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: José Álvaro, 1964.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!