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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

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120<br />

o filme tecnicamente e plasticamente muito bem feito, consegue dar ao especta<strong>do</strong>r a<br />

idéia <strong>de</strong> uma época (1930) em que, no interior <strong>do</strong> Brasil, o patrão era o <strong>do</strong>no<br />

absoluto. Graciliano Ramos, um <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>rnos clássicos da literatura brasileira, é<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> autor <strong>de</strong> tendências socialistas. Não encontro, porém, no filme qualquer<br />

forma <strong>de</strong> proselitismo. 364<br />

O parecer <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> censor seguiu na mesma direção. Depois <strong>de</strong> ver o nome <strong>de</strong><br />

Graciliano Ramos e assistir ao filme ele diz que “apesar (...) <strong>de</strong> apresentar a vida<br />

miserável <strong>do</strong> colono, as arbitrarieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> patrão, algumas exctações sociais, não<br />

po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rá-lo como socialista subversivo.” 365<br />

Raros foram os pareceres imbuí<strong>do</strong>s apenas da temática política como os<br />

exemplos que apresentamos acima. O mais comum era que os pareceres misturassem<br />

política e moral. O filme Bye, bye, Brasil, dirigi<strong>do</strong> por Cacá Diegues, sofreu cortes<br />

porque, ao la<strong>do</strong> da questão da nu<strong>de</strong>z e palavras <strong>de</strong> baixo calão, “mostra[va] a ocupação<br />

<strong>de</strong> empresas americanas no território nacional.” 366<br />

Eles não usam Black Tie, basea<strong>do</strong> na peça homônima <strong>de</strong> Gianfrancesco<br />

Guarnieri e leva<strong>do</strong> para as telas <strong>do</strong> cinema pelo diretor Leon Hirszman., tinha como<br />

pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> as greves <strong>do</strong> ABC paulista, o filme trabalha com a experiência <strong>de</strong> uma<br />

família operária na periferia <strong>de</strong> São Paulo, que, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à crise sindical e política, assiste<br />

a <strong>de</strong>sagregação <strong>do</strong> núcleo familiar. Fez enorme sucesso <strong>de</strong>ntro e fora <strong>do</strong> país e, como<br />

afirmou a revista Veja, “em 1981, pela primeira vez em sua história, o cinema brasileiro<br />

ganhou prêmios internacionais sem cangaceiros nem caboclos.” 367 De fato, o filme<br />

ganhou diversos prêmios, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se os festivais <strong>de</strong> Veneza, Cannes e Havana.<br />

Embora Guarnieri tenha atua<strong>do</strong> e escrito o roteiro com Hirszman, perto <strong>do</strong><br />

lançamento <strong>do</strong> filme quis mudar o título original para “Segunda-feira, greve geral”.<br />

Depois <strong>de</strong> muita insistência <strong>do</strong> então diretor da Embrafilme, Celso Amorim, em manter<br />

o título primeiro a fim evitar problemas com a censura, o nome da peça <strong>de</strong> Guarnieri foi<br />

manti<strong>do</strong>. 368<br />

O filme <strong>de</strong> Roberto Farias Pra frente Brasil, teve mais problemas para sua<br />

liberação. Com estréia prevista para 1982, o filme foi aprova<strong>do</strong> pela DCDP. A película<br />

364 AN, coor<strong>de</strong>nação regional <strong>do</strong> Arquivo Nacional no Distrito <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong>. Fun<strong>do</strong>: Divisão <strong>de</strong> Censura <strong>de</strong><br />

Diversões Públicas. Série: “Censura Prévia”. Sub-série: programação cinematográfica. Processo <strong>do</strong> filme<br />

São Bernar<strong>do</strong>. Data 05/1972.<br />

365 I<strong>de</strong>m.<br />

366 AN, coor<strong>de</strong>nação regional <strong>do</strong> Arquivo Nacional no Distrito <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong>. Fun<strong>do</strong>: Divisão <strong>de</strong> Censura <strong>de</strong><br />

Diversões Públicas. Série: “Censura Prévia”. Sub-série: programação cinematográfica. Processo <strong>do</strong> filme<br />

Bye, bye, Brasil. Data 12/1979.<br />

367 Veja. 16 <strong>de</strong> set. 1981.<br />

368 I<strong>de</strong>m.

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