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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

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75<br />

contava com apoio <strong>de</strong> parte da socieda<strong>de</strong> civil. Focar a análise das motivações<br />

censórias apenas nas razões políticas, po<strong>de</strong> levar ao aban<strong>do</strong>no das diversas nuances da<br />

instituição e também <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> la<strong>do</strong> uma característica importante daquele momento que<br />

foi a presença <strong>de</strong> setores conserva<strong>do</strong>res apoian<strong>do</strong> o golpe e, <strong>de</strong> fato, justifican<strong>do</strong> a<br />

necessida<strong>de</strong> da censura para impedir um “excesso” <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />

Embora o livro tenha si<strong>do</strong> pioneiro ao tratar a questão da censura<br />

cinematográfica no Brasil, não empreen<strong>de</strong> uma análise pormenorizada sobre o<br />

funcionamento da DCDP. Também não faz uma distinção entre a censura moral e a<br />

censura política.<br />

Leonor Souza Pinto também estu<strong>do</strong>u a censura ao cinema brasileiro durante o<br />

regime militar. Na tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> intitulada Le cinema Brésilien au risque <strong>de</strong> la<br />

censure, a autora procurou, através <strong>do</strong>s processos encontra<strong>do</strong>s na DCDP, analisar as<br />

motivações para a censura <strong>do</strong>s filmes.<br />

A autora centrou-se principalmente nos títulos filma<strong>do</strong>s pelos cinemanovistas e<br />

tentou também dar conta das motivações políticas para a censura cinematográfica no<br />

país. Assim, trilhan<strong>do</strong> o mesmo caminho <strong>de</strong> Simões, o trabalho atenta principalmente<br />

para as motivações censórias <strong>de</strong> caráter político que pu<strong>de</strong>ram ser encontradas nos<br />

pareceres.<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong> que os primeiros trabalhos que tratam da censura à imprensa,<br />

os estu<strong>do</strong>s relativos à censura cinematográfica também passaram a supervalorizar o<br />

papel da censura política, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong> o aspecto moral que aparece claramente nos<br />

pareceres censórios. Volta-se a afirmar que a insistência nesta separação vai tornar<br />

possível perceber mais claramente a relação entre a socieda<strong>de</strong> civil e o regime, posto<br />

que a censura moral era um <strong>do</strong>s raros canais <strong>de</strong> interlocução entre ambos.<br />

No campo da produção cultural, a música também ficou bastante associada à<br />

censura por questões políticas. Compositores como Chico Buarque e Geral<strong>do</strong> Vandré,<br />

que compuseram canções <strong>de</strong> protesto, realmente foram veta<strong>do</strong>s por questões relativas à<br />

or<strong>de</strong>m política. No entanto, nem todas as suas músicas foram vetadas ten<strong>do</strong> por base<br />

essa motivação e, na verda<strong>de</strong>, a maioria das músicas era censurada por questões <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m moral. 226<br />

226 O trabalho <strong>de</strong> CAROCHA, Maika Lois. “Seu me<strong>do</strong> é o meu sucesso”: Rita Lee, Raul Seixas e a<br />

censura musical durante a ditadura militar brasileira. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: monografia apresentada ao<br />

<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> História da <strong>UFRJ</strong>, 2005. A autora faz uma estatística das músicas que foram censuradas<br />

<strong>de</strong> Rita Lee e Raul Seixas e apresenta uma maior parte <strong>de</strong> vetos relativos à or<strong>de</strong>m da moral e <strong>do</strong>s bons<br />

costumes. A hipótese é reafirmada no trabalho que atualmente <strong>de</strong>senvolve, também sobre censura à

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