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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

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40<br />

presi<strong>de</strong>nte da República. 100 Segun<strong>do</strong> o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> criação, as duas principais atribuições<br />

<strong>do</strong> organismo eram elaborar um Plano Nacional <strong>de</strong> Cultura e estimular a criação <strong>de</strong><br />

Conselhos <strong>de</strong> Cultura em esta<strong>do</strong>s e municípios. 101<br />

Também em 1966, como medida que teve por base o relatório da Comissão<br />

<strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> Cinema, foi cria<strong>do</strong> o <strong>Instituto</strong> Nacional <strong>de</strong> Cinema (INC). A principal<br />

função <strong>do</strong> INC era formular e executar a política governamental relativa à produção,<br />

importação, distribuição e exibição <strong>de</strong> filmes, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a indústria<br />

cinematográfica brasileira e promover o cinema brasileiro no exterior. 102<br />

A proposta <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> um órgão como o INC era discutida havia vinte anos,<br />

mas foi finalmente implementada durante o regime militar, aproveitan<strong>do</strong> as discussões<br />

<strong>do</strong> Geicine. O INC incorporou o <strong>Instituto</strong> Nacional <strong>de</strong> Cinema Educativo (INCE),<br />

fican<strong>do</strong> assim responsável pela compra e exibição <strong>do</strong>s filmes educativos, como também<br />

assumiu o Geicine. 103<br />

Embora as discussões sobre a formulação <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stinada ao<br />

crescimento da produção fílmica nacional viessem <strong>de</strong> longa data, a criação <strong>do</strong> INC não<br />

foi tão tranqüila como po<strong>de</strong> parecer, pois alguns cineastas eram contrários às propostas<br />

que tornassem o governo um financia<strong>do</strong>r <strong>do</strong> cinema nacional. Nesse senti<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

criação <strong>do</strong> INC em 1966 – durante a presidência <strong>de</strong> Castelo Branco –, Nelson Pereira<br />

<strong>do</strong>s Santos manifestava-se contra a origem da instituição: ele dizia não saber<br />

por qual razão o atual governo, que se diz antipaternalista, aprovou e enviou para o<br />

Congresso um projeto <strong>de</strong> autarquia fascistói<strong>de</strong>, cujo único mérito será o <strong>de</strong> polarizar<br />

as fontes <strong>de</strong> recursos para a produção cinematográfica. Temo que o cinema<br />

brasileiro, após a criação <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong>, <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser livre e leve, fluente e realista<br />

para se transformar em oneroso pedinte, subvenciona<strong>do</strong> por burocratas. 104<br />

A <strong>de</strong>claração apresentada por Nelson Pereira revela a preocupação <strong>de</strong> que o INC<br />

viesse a funcionar como um orienta<strong>do</strong>r ou nortea<strong>do</strong>r da produção cinematográfica,<br />

ten<strong>do</strong> em vista que nos encontrávamos diante <strong>de</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> exceção, ainda que este<br />

não tivesse atingi<strong>do</strong> seu auge repressivo.<br />

De fato, a criação <strong>do</strong> INC gerou agu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates na Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s, pois<br />

a estrutura inicial <strong>do</strong> órgão apresentava uma forte presença estatal e uma polvilhada<br />

100 CALABRE, Lia. O Conselho <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> Cultura: 1971- 1979. In: Estu<strong>do</strong>s Históricos. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>:<br />

FGV, 2006. n. 37. pp. 2-21.<br />

101 I<strong>de</strong>m. p. 4.<br />

102 Decreto-lei n. 43, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> nov. <strong>de</strong> 1966.<br />

103 SIMIS, Anita. Esta<strong>do</strong> e cinema no Brasil. São Paulo: ANNABLUME, 1996. pp. 251- 259.<br />

104 Jornal <strong>do</strong> Brasil. 14 <strong>de</strong> ago <strong>de</strong> 1966.

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