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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

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fazer uma reflexão sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional brasileira em seus filmes. Assim, temos<br />

um movimento eminentemente político que, além <strong>de</strong> pensar as questões sociais, discutiu<br />

a questão cinematográfica brasileira e, nesse senti<strong>do</strong>, procurou se contrapor à<br />

massificação <strong>do</strong>s filmes estrangeiros no Brasil.<br />

Para Jean-Clau<strong>de</strong> Bernar<strong>de</strong>t, que, além <strong>de</strong> ser um estudioso <strong>do</strong> assunto, também<br />

vivenciou o perío<strong>do</strong>,<br />

é muito difícil <strong>de</strong>finir o que é Cinema Novo. Conforme alguns historia<strong>do</strong>res, o<br />

Cinema Novo começa com Glauber Rocha, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com outros começa com<br />

Nelson Pereira, e assim por diante. Isso é normal, porque não é propriamente uma<br />

escola, um programa, mas uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> estilística, i<strong>de</strong>ológica etc.<br />

Algumas pessoas, por motivos diversos, ten<strong>de</strong>m a esten<strong>de</strong>r muito o Cinema Novo,<br />

datan<strong>do</strong> seu início em 1955, com <strong>Rio</strong> 40 graus. Outros pegam o cinema <strong>do</strong> fim <strong>do</strong>s<br />

anos 50 ao <strong>do</strong>s 70 e incluem rótulo Cinema Novo tu<strong>do</strong> que é bom. 54<br />

Em entrevista realizada em 1966, a opinião <strong>de</strong> três pessoas ligadas ao cinema<br />

<strong>de</strong>ixava clara a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> Cinema Novo. Tanto para Salvyano<br />

Cavalcanti <strong>de</strong> Paiva e Antonio Moniz Vianna, quanto para José Lino Grunewald, o que<br />

era chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cinema Novo não dizia respeito nem a escola nem a estética, estan<strong>do</strong><br />

mais relaciona<strong>do</strong> a um “impulso cria<strong>do</strong>r”. 55<br />

Embora atualmente essa discussão já se encontre bastante estudada e superada, é<br />

importante retomá-la para enten<strong>de</strong>r o papel <strong>de</strong>ssa estética cinematográfica, bem como o<br />

posicionamento que os cinestas liga<strong>do</strong>s a ela vão tomar durante o governo militar e se<br />

posicionar frente aos incentivos estatais.<br />

Ten<strong>de</strong>-se a marcar as primeiras discussões em torno <strong>de</strong> novas possibilida<strong>de</strong>s para<br />

o cinema nacional no I Congresso Paulista <strong>de</strong> Cinema Brasileiro e no I Congresso<br />

Nacional <strong>do</strong> Cinema Brasileiro, os <strong>do</strong>is ocorri<strong>do</strong>s em 1952. Em 1955, foi lança<strong>do</strong> o<br />

filme <strong>Rio</strong> 40 graus, <strong>de</strong> Nelson Pereira <strong>do</strong> Santos, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> por muitos estudiosos<br />

como o marco inaugural <strong>do</strong> Cinema Novo. 56 A primeira tomada <strong>do</strong> filme mostra<br />

panoramicamente a “bela” cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, no entanto, a câmera aporta em<br />

uma favela, surpreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os especta<strong>do</strong>res ao mostrar o cotidiano das camadas<br />

54 Folha <strong>de</strong> São Paulo. 07 <strong>de</strong> mar. 1993. Ca<strong>de</strong>rno Mais. p. 6.<br />

55 Filme Cultura. nov/<strong>de</strong>z. 1966. “A crítica ao Cinema Novo”.<br />

56 Ver <strong>de</strong>ntre outros: LEITE, Sidney Ferreira. Cinema brasileiro: das origens a retomada. São Paulo:<br />

Perseu Abramo, 2005. MALAFAIA, Wolney Vianna. De chumbo e <strong>de</strong> ouro: política cultural <strong>de</strong> cinema<br />

em tempos sombrios (1974 -1979). <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Dissertação <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> PPGHIS/<strong>UFRJ</strong>, 1996.<br />

ABREU, Nuno Cesar. Boca <strong>do</strong> lixo: cinema e classes populares. Campinas: editora da UNICAMP, 2006.

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