Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ
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família, não foca a questão da moralida<strong>de</strong>, nem tampouco a da luta <strong>de</strong> classes, questões<br />
presentes na lei <strong>de</strong> 1968.<br />
3.1 Censura durante a ditadura Militar<br />
Durante a ditadura civil-militar no Brasil que vigorou entre os anos <strong>de</strong> 1964<br />
1985, o país permaneceu com as leis referentes à censura <strong>de</strong> diversões públicas que<br />
haviam si<strong>do</strong> criadas ainda em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mocráticos. Ou seja, no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> exceção, as peças teatrais, as músicas, os filmes e os programas <strong>de</strong> rádio e televisão<br />
que foram censura<strong>do</strong>s passavam pela DCDP ou pelas SCDP’S, não sen<strong>do</strong> uma questão<br />
nova na rotina <strong>do</strong>s produtores artísticos.<br />
Enquanto a censura cinematográfica foi centralizada em 1932 as outras obras<br />
artísticas permaneceram nas mãos das SCDP’s. Provavelmente, como no caso da<br />
música, havia uma relação <strong>de</strong> convivência complicada entre as censuras regionais e a<br />
censura central, 211 assim o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> INC reafirmava que a censura<br />
cinematográfica seria <strong>de</strong> competência exclusivamente da esfera central. 212 Para além<br />
disso, houve também um fortalecimento da idéia da censura mais centralizada.<br />
To<strong>do</strong>s os filmes produzi<strong>do</strong>s no Brasil ou no exterior, para serem exibi<strong>do</strong>s em<br />
território nacional, eram obriga<strong>do</strong>s a possuir o certifica<strong>do</strong> da censura, emiti<strong>do</strong> pela<br />
DCDP. 213<br />
Os primeiros trabalhos que estudaram a questão da censura durante o regime<br />
militar <strong>de</strong>ram especial atenção à censura à imprensa. Assim, estu<strong>do</strong>s como o <strong>de</strong> Gláucio<br />
Soares e <strong>de</strong> Maria Aparecida <strong>de</strong> Aquino tentaram enten<strong>de</strong>r quais as formas e como era<br />
exercida a censura neste meio <strong>de</strong> comunicação. O texto <strong>de</strong> Soares tem o mérito <strong>de</strong> ser o<br />
primeiro estu<strong>do</strong> particulariza<strong>do</strong> sobre a temática da censura durante o perío<strong>do</strong> militar. O<br />
autor trabalhou com uma série <strong>de</strong> questões pertinentes que foram posteriormente<br />
aprofundadas por outros pesquisa<strong>do</strong>res, tais como os “bilhetinhos” nas redações e a<br />
211 Ver a respeito da questão da relação entre DCDP e SCDP: CAROCHA, MaikaLois. Pelos versos das<br />
canções: um estu<strong>do</strong> sobre o funcionamento da censura musical durante a ditadura militar brasileira (1964-<br />
1985). <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Dissertação <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> apresentada ao PPGHIS/<strong>UFRJ</strong>, 2007.<br />
212 O Decreto n. 43, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> nov. <strong>de</strong> 1966 criou o INC (<strong>Instituto</strong> Nacional <strong>de</strong> Cinema) e tornou <strong>de</strong><br />
competência exclusivamente fe<strong>de</strong>ral a censura cinematográfica.<br />
213 Diferentemente da censura musical, da censura teatral e da censura televisiva que eram feitas na<br />
DCDP e nas SCDP’s regionais, a censura cinematográfica era feitas apenas na DCDP, em Brasília. Como<br />
foi visto no primeiro capítulo a censura cinematográfica foi centralizada em 1932.