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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

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19<br />

Capítulo I - Panorama <strong>do</strong> cinema nacional: das origens à<br />

década <strong>de</strong> 1980<br />

No campo <strong>do</strong>s divertimentos públicos, o cinema foi uma das invenções que mais<br />

teve notorieda<strong>de</strong> no século XX. No Brasil, a chegada <strong>do</strong> cinema data <strong>de</strong> fins <strong>do</strong> século<br />

XIX com uma rápida popularização no seguinte. O crescimento <strong>do</strong>s centros urbanos<br />

contribuiu sobremaneira para a veloz aceitação <strong>do</strong> lazer que as salas <strong>de</strong> exibição<br />

proporcionavam. Os preços acessíveis <strong>do</strong>s ingressos permitiam que as classes médias<br />

urbanas freqüentassem o divertimento, tornan<strong>do</strong> o cinema um programa familiar. 26 É<br />

fato também que junto com o crescimento urbano, o aparecimento <strong>de</strong> diversas formas <strong>de</strong><br />

diversão tornava-se inexorável; e, nesse senti<strong>do</strong>, as salas <strong>de</strong> projeção tiveram papel <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque. 27 Como propõe David Nasaw<br />

the rise of public amusements was a by-product of the enormous expansion of the<br />

cities. Commercial entertainments were, in this period at least, an urban<br />

phenomenon. 28 [o avanço <strong>do</strong>s divertimentos públicos foi um subproduto da gran<strong>de</strong><br />

expansão das cida<strong>de</strong>s. Entretenimentos comerciais foram, pelo menos nesse<br />

perío<strong>do</strong>, um fenômeno urbano]<br />

O surgimento <strong>do</strong> cinema no século XIX é <strong>de</strong> fato o auge da violenta<br />

reestruturação da percepção e integração <strong>do</strong> homem que a mudança no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

produção promoveu. 29 O cinema também se apresenta como uma forma <strong>de</strong> cultura <strong>do</strong><br />

espetáculo que emerge nas cida<strong>de</strong>s. Assim como a litografia marcou um processo<br />

<strong>de</strong>cisivo na possibilida<strong>de</strong> da reprodução para o comércio, o cinema se consoli<strong>do</strong>u com a<br />

possibilida<strong>de</strong> da reprodução da obra <strong>de</strong> arte a um baixo custo. 30 Nesse senti<strong>do</strong>, as<br />

cida<strong>de</strong>s passaram a ter uma massa que almejava o consumo <strong>de</strong> cultura e o significa<strong>do</strong><br />

econômico <strong>de</strong>ste merca<strong>do</strong> nascente é normalmente subestima<strong>do</strong>. 31 Assim, a chegada e a<br />

26 Para um estu<strong>do</strong> sobre os primórdios <strong>do</strong> cinema no Brasil ver, <strong>de</strong>ntre outros: GONZAGA, Alice.<br />

Palácios e poeiras: 100 anos <strong>de</strong> cinema no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Record/FUNARTE, 1996.<br />

MARTINS, William <strong>de</strong> Souza Nunes. Paschoal Segreto “ministro das diversões” <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>:<br />

1883-1920. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em História Social/<strong>UFRJ</strong>, 2004. VIANY, Alex.<br />

Introdução ao cinema brasileiro. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Revan, 1993.<br />

27 NASAW, David. Going out: the rise and fall of public amusements. Cambridge, Massachesetts,<br />

Lon<strong>do</strong>n: Harvard University Press, 1999.<br />

28 I<strong>de</strong>m. p. 3.<br />

29 HANSEN, Miriam Bratu. Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Paris, Alpes: Kracauer (e Benjamin) sobre o cinema e a<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. In: CHARNEY, Leo e SCHWARTZ, Vanessa. (org) O Cinema e a invenção da vida<br />

mo<strong>de</strong>rna. São Paulo: Casac & Naify, 2001. p. 497.<br />

30 BENJAMIN, Walter. A obra <strong>de</strong> arte na época <strong>de</strong> suas técnicas <strong>de</strong> reprodução. In: GRUNNEWALD,<br />

José Lino. (org) A idéia <strong>do</strong> cinema. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Civilização brasileira, 1969. p. 55-96.<br />

31 HOBSBAWN, Eric J. A era <strong>do</strong> capital: 1848-1875. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Paz e Terra, 1982. p. 293.

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