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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

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63<br />

Dramático foi uma das primeiras instituições organizadas no Brasil objetivan<strong>do</strong><br />

censurar a produção artística, com vistas fundamentalmente para aquilo que era<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> contrário à moral vigente. A entida<strong>de</strong> estava sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo<br />

imperial e os censores exerciam suas funções na corte. 173<br />

A passagem para o sistema republicano não alterou a essência da censura aos<br />

espetáculos. Depois da extinção <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> Conservatório Dramático, em 1897, a<br />

censura passou a ser função <strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> polícia, e <strong>de</strong>veria manter sob vigilância<br />

os estabelecimentos <strong>de</strong> diversão pública. Então, as peças teatrais passavam por uma<br />

censura, na qual cenas ousadas, palavras consi<strong>de</strong>radas impróprias, além <strong>do</strong> vestuário,<br />

po<strong>de</strong>riam ser vetadas pela polícia. Naquele momento, uma das formas <strong>de</strong> espetáculo que<br />

esteve na mira da polícia foi o teatro <strong>de</strong> revista. Tradicional forma <strong>de</strong> diversão popular<br />

da Primeira República, era mal visto como espetáculo teatral pela crítica especializada e<br />

alvo da censura policial. 174 Durante esse perío<strong>do</strong> várias peças teatrais foram censuradas,<br />

em parte ou no to<strong>do</strong>, e por isso não pu<strong>de</strong>ram ser exibidas em muitas ocasiões, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong><br />

o público sem o espetáculo e o empresário sem o lucro almeja<strong>do</strong>. 175<br />

Durante o perío<strong>do</strong> republicano a censura passou para a órbita da polícia. No<br />

entanto, a partir <strong>de</strong> 1930 começou-se a pensar na institucionalização da censura em um<br />

órgão específico cria<strong>do</strong> para tal fim, com funcionários especializa<strong>do</strong>s.<br />

Nas <strong>de</strong>mocracias mo<strong>de</strong>rnas o relacionamento entre o Esta<strong>do</strong> e a censura <strong>de</strong><br />

diversões públicas foi reconheci<strong>do</strong> e <strong>de</strong> certa forma admiti<strong>do</strong> pela socieda<strong>de</strong>, pois a<br />

idéia era evitar uma suposta liberda<strong>de</strong> perniciosa. 176<br />

O Esta<strong>do</strong> que se organizou após o movimento <strong>de</strong> 1930, li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> por Getúlio<br />

Vargas, tentou alcançar novas bases tanto econômicas quanto sociais. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />

to<strong>do</strong> o aparato construí<strong>do</strong> objetivava uma reestruturação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> com vistas tanto a<br />

uma nova possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento econômico nacional como <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensar a<br />

socieda<strong>de</strong> e os trabalha<strong>do</strong>res. Não casualmente, em 1932 foi cria<strong>do</strong> o DOP<br />

(Departamento Oficial <strong>de</strong> Propaganda), que tinha como uma das responsabilida<strong>de</strong>s<br />

173 Ib<strong>de</strong>m.<br />

174 Havia uma discussão acirrada sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> teatro nacional e alguns autores como José<br />

Veríssimo acreditavam que o perío<strong>do</strong> da produção <strong>do</strong> teatro <strong>de</strong> revista era o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cadência <strong>do</strong><br />

teatro nacional. Sobre o assunto ver, <strong>de</strong>ntre outros: MENCARELLI, Fernan<strong>do</strong> Antonio. Cena aberta: a<br />

absolvição <strong>de</strong> um bilontra e o teatro <strong>de</strong> revista <strong>de</strong> Arthur Azeve<strong>do</strong>. Campinas: UNICAMP/CECULT,<br />

1999. e RUIZ, Roberto. O teatro <strong>de</strong> revista no Brasil: das origens à primeira guerra mundial. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Janeiro</strong>: INACEN, 1988.<br />

175 Sobre a censura teatral <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Império até a primeira república ver: SOUSA, J. Galante. O teatro no<br />

Brasil: evolução <strong>do</strong> teatro no Brasil. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: <strong>Instituto</strong> Nacional <strong>do</strong> Livro, 1960. pp. 309 – 321.<br />

176 KHÉDE, Sonia Salomão. Censores <strong>de</strong> pincenê e gravata: <strong>do</strong>is momentos da censura teatral no Brasil.<br />

<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>: Co<strong>de</strong>cri, 1981. pp. 27 – 28.

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