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Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ

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122<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Quan<strong>do</strong> da escrita <strong>do</strong> projeto para a realização <strong>de</strong>ste trabalho, a idéia era<br />

perceber como o Esta<strong>do</strong>, durante as décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, pensou a produção<br />

cinematográfica nacional. Esse questionamento surgiu a partir da percepção <strong>de</strong> que, ao<br />

mesmo tempo em que havia uma empresa <strong>de</strong> economia mista, com ações<br />

majoritariamente <strong>do</strong> governo, a Embrafilme, havia também um órgão responsável por<br />

selecionar os tipos <strong>de</strong> filme a serem exibi<strong>do</strong>s no país, a DCDP.<br />

Ou seja, ao mesmo tempo em que o Esta<strong>do</strong> intensificou o papel da censura<br />

durante o regime militar, construiu as bases para a produção cinematográfica nacional<br />

com órgão regulatório e financia<strong>do</strong>r que garantiu um fluxo <strong>de</strong> especta<strong>do</strong>res para assistir<br />

aos filmes nacionais.<br />

Se, como afirmamos, a política cultural <strong>do</strong> governo militar com diretrizes<br />

nacionais começou apenas em 1975 com o lançamento <strong>do</strong> PNC, uma visão voltada para<br />

o campo cinematográfico já apresentava suas primeiras manifestações em 1966, com a<br />

criação <strong>do</strong> INC e seu fortalecimento em 1969 com a Embrafilme.<br />

A política cultural dizia respeito à valorização da tradição cultural brasileira.<br />

No entanto, os organismos governamentais possuíam certa autonomia <strong>de</strong> criação,<br />

notadamente no campo cinematográfico, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ce<strong>do</strong> possuiu uma empresa<br />

financia<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> vários filmes que iam <strong>de</strong> encontro aos anseios <strong>do</strong> regime.<br />

No entanto, o campo cinematográfico ficou à parte <strong>de</strong>ssa discussão, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

beneficia<strong>do</strong> com a criação <strong>de</strong> organismos que tinham como finalida<strong>de</strong> a regulação <strong>do</strong><br />

patrocínio aos filmes produzi<strong>do</strong>s no país.<br />

A partir <strong>do</strong>s processos sobre a censura aos filmes financia<strong>do</strong>s pela Embrafilme,<br />

po<strong>de</strong>mos afirmar que havia um acor<strong>do</strong> tácito entre censura, diretores e críticos <strong>de</strong> que a<br />

pornochanchada, apesar <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada esteticamente ruim e <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong><br />

mensagem positiva para a socieda<strong>de</strong>, na verda<strong>de</strong> constituía-se como o gran<strong>de</strong> filão <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> cinematográfico. As pornochanchadas continuavam levan<strong>do</strong> o público às salas<br />

<strong>de</strong> projeção. A DCDP provavelmente liberava os filmes – após cortar seus excessos –<br />

talvez consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a questão da indústria cinematográfica brasileira. Vale lembrar que<br />

a Embrafilme não fazia uma censura <strong>do</strong>s roteiros: qualquer projeto que <strong>de</strong>monstrasse<br />

viabilida<strong>de</strong> técnica e os pré-requisitos necessários po<strong>de</strong>ria ser financia<strong>do</strong>.

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