Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia ... - UFRJ
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solidariza e o que separa essas duas instâncias sem, contu<strong>do</strong>, vê-las como<br />
completamente antagônicas, mas sim como representantes <strong>de</strong> um mesmo Esta<strong>do</strong>.<br />
Percebemos que essas instituições trabalharam durante to<strong>do</strong> o regime militar<br />
separadamente, sen<strong>do</strong> ligadas a ministérios diferentes, que percebiam a importância<br />
uma da outra. Ou seja, embora a Embrafilme e a DCDP tivessem estruturas autônomas,<br />
elas sempre estiveram interligadas. A Embrafilme pelo receio <strong>de</strong> que alguma produção<br />
não pu<strong>de</strong>sse ser exibida e a DCDP pelo zelo em não censurar completamente um filme<br />
nacional, principalmente se tivesse recebi<strong>do</strong> financiamento estatal.<br />
Essa aparente dicotomia entre um Esta<strong>do</strong> censor e um Esta<strong>do</strong> financia<strong>do</strong>r fez<br />
com que surgissem vários questionamentos, não apenas sobre o aparelho censório, mas<br />
como a socieda<strong>de</strong>, o cidadão comum, lidava com esse organismo, a DCDP, e a empresa,<br />
a Embrafilme, que passou a ser uma das media<strong>do</strong>ras entre os governos militares e a<br />
socieda<strong>de</strong> civil.<br />
Para dar conta das <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, a tese foi dividida em quatro capítulos<br />
que pu<strong>de</strong>ssem abarcar as principais discussões referentes à temática. No primeiro,<br />
faremos uma discussão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a chegada <strong>do</strong> cinema no Brasil até os movimentos<br />
estéticos mais importantes na década <strong>de</strong> 1980. Acreditamos que seja importante esse<br />
background a fim <strong>de</strong> que o leitor perceba <strong>de</strong> que mo<strong>do</strong> a evolução <strong>do</strong> campo<br />
cinematográfico no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> século XX aju<strong>do</strong>u a gerar e consolidar a prática censória<br />
no Brasil muito antes <strong>de</strong> 1964, bem como estimulou o Esta<strong>do</strong> a montar uma estrutura <strong>de</strong><br />
apoio à indústria cinematográfica.<br />
O segun<strong>do</strong> capítulo trará uma reflexão sobre a idéia <strong>de</strong> política cultural,<br />
analisan<strong>do</strong> se <strong>de</strong> fato houve, durante o governo militar brasileiro, uma política voltada<br />
para a cultura ou simplesmente ações isoladas nesse campo que favoreceram<br />
espaçadamente algumas manifestações artísticas. Além <strong>de</strong>ssa questão sobre o conceito<br />
<strong>de</strong> política cultural, serão analisadas as instituições criadas pelo regime civil-militar que<br />
visaram apoiar uma política cinematográfica brasileira, notadamente o <strong>Instituto</strong><br />
Nacional <strong>de</strong> Cinema e o Conselho Nacional <strong>de</strong> Cinema. Além disso, será analisa<strong>do</strong> o<br />
surgimento, o <strong>de</strong>senvolvimento e o fim da empresa criada para garantir a produção <strong>de</strong><br />
filmes brasileiros, a Embrafilme.<br />
O terceiro capítulo vai se <strong>de</strong>dicar ao estu<strong>do</strong> da censura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros<br />
momentos no Brasil. Focalizaremos especialmente a estrutura <strong>do</strong> aparelho censório<br />
durante a ditadura militar. Uma vez que a questão é importante para a compreensão <strong>de</strong><br />
toda a estrutura da censura, o capítulo foi dividi<strong>do</strong> em duas partes: a primeira