Prosa - Academia Brasileira de Letras
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Afonso Arinos, filho<br />
novas realida<strong>de</strong>s. Sob a direção do chanceler Afonso Arinos, no <strong>de</strong>correr do<br />
governo Jânio Quadros, ela passou a se atualizar com gran<strong>de</strong> celerida<strong>de</strong>. E<br />
foi sustentada, com coerência e senso <strong>de</strong> iniciativa, pelo seu sucessor, o ministro<br />
San Tiago Dantas, durante o governo João Goulart.<br />
Mas a expressão “política externa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte” é ina<strong>de</strong>quada em um<br />
mundo on<strong>de</strong> todas as nações começam a sentir que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m umas das outras.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>verá ser nossa diplomacia, sempre que se impuser o senso<br />
da soberania nacional, quando algo ou alguém tentar afastar-nos dos princípios<br />
e propósitos em que no baseamos – o da não-intervenção, o do respeito à<br />
auto<strong>de</strong>terminação dos povos, o da projeção cada vez maior da personalida<strong>de</strong><br />
brasileira no plano internacional, o da sustentação <strong>de</strong> fórmulas e soluções conciliatórias<br />
para dirimir pendências ou conflitos entre os estados, o da intransigência<br />
na <strong>de</strong>fesa da paz, o da ajuda prioritária às nações sub<strong>de</strong>senvolvidas, fórmula<br />
diplomática com que se traduz a prescrição teológica da opção preferencial<br />
pelos pobres.<br />
A diplomacia <strong>de</strong>ve ser rígida quanto aos princípios, mas flexível na execução.<br />
Tampouco po<strong>de</strong> imobilizar-se. Problemas e <strong>de</strong>safios surgem constantemente<br />
no plano internacional. A eles a política externa se adaptará,<br />
conforme os princípios que a norteiam, visando os interesses e a segurança<br />
nacionais.<br />
Há pouco, Vossa Excelência observou ser “muito incômodo que o Brasil<br />
faça as coisas sem pedir licença. (...) Se o Brasil age por sua própria iniciativa,<br />
incomoda os intermediários da <strong>de</strong>pendência.” Não pu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sorrir, recordando<br />
um velho amigo, o acadêmico Otto Lara Resen<strong>de</strong>, que então propunha,<br />
a gracejar, solução que evitasse tais reações: “Chega <strong>de</strong> intermediários!<br />
Para presi<strong>de</strong>nte, Lincoln Gordon.”<br />
O governo brasileiro tem sabido assumir posições sobre problemas externos<br />
que lhe dizem respeito, como o aquecimento global, a paz no Oriente Próximo,<br />
o comércio internacional, o equilíbrio geopolítico na América Latina.<br />
Quanto à preservação do meio ambiente, a natureza nos fez possuidores <strong>de</strong> ex-<br />
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