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Capa e Índice - Fundação Cultural Palmares

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Veículo: Diário de PernambucoTítulo: Terceira Idade ­ Ele é patrimônio vivo do BrasilData: 21 de novembroCLIPPINGNa semana da consciência negra, um exemplo vivo de resistência cultural que vem do bairrode Água Fria. Aos 95 anos de idade, Walfrido José da Silva é o ogan (sacerdote que evoca oorixá pelos sons produzidos em instrumentos) mais antigo em atividade no Brasil. Com agogôou abatá apoiado nas pernas ele já perdeu a conta das vezes que deu ´run ao santo`,colocando o orixá, na sala, para dançar. Hoje, perto de completar 96 anos, em 22 de fevereiro,é o grande anfitrião das celebrações religiosas do Sítio de Pai Adão, onde nasceu e se criou. Ese alguém duvida que ele ainda toca: ´Pai velho é a estrada`, faz questão de deixar claro. É doCandomblé, da Nação Nagô! E sem ele a festa não começa.Nascido em 1915, até hoje mora nas antigas terras cedidas por Iemanjá, segundo ele, à negranigeriana Inês Joaquina da Costa, em 1875. E lá, na Estrada Velha de Água Fria, queaprendeu a tocar. Herança dos familiares. Hoje é Walfrido, com quase um século de história,quem ´marca o toque da dança` no Terreiro de Obá Ogunté. Instrumentos de marcação, commais de 150 anos, na mão, é ele quem abre as festas, geralmente às 22h, fazendo a primeiracasa de candomblé de Pernambuco, o sítio, ´pegar fogo`. Tudo pronto, ele desenvolve a suatécnica quase centenária, atendendo aos ritmos pedidos pelos orixás. ´É o ogan que quasesempre inicia as celebrações no candomblé. O abatá você bate nos lados e o agogô de cimapara baixo. Se não tiver música não tem dança e festa`, detalha. E como manda a tradição,não pode faltar a roupa do orixá. ´A calça é sempre branca. Quando é festa de Ogum a camisaé azul. Xangô pede vermelho`, esclarece.Entre todas as comemorações do ano, a de Iemanjá Ogunté, realizada neste sábado, é a suapreferida. ´É porque ela é a santa da família ogunté, que mora aqui no sítio. Tudo isso é dela`,detalha. Quando a grande festa termina, às 4h ou 5h, é hora de guardar os instrumentos noQuarto do Balé. ´Nele, só os ogans podem entrar. É o quarto dos ancestrais, dos ogansantigos. Aqui no sítio somente eu e mais um temos acesso a ele`, mostra o espaço comcarinho. E como os instrumentos são sagrados quem não é ogan precisa usar um pano brancopara pegar neles. Sinal de respeito aos ogans, os filhos dos santos.Pelos serviços prestados à cultura brasileira, Walfrido José da Silva, hoje, é patrimônio vivoreligioso do país. O reconhecimento veio em 2009, quando o ogan recebeu a honraria da<strong>Fundação</strong> <strong>Cultural</strong> <strong>Palmares</strong>, do Ministério da Cultura (Minc). Atualmente, como em uma vidainteira, segue participando das festas. Quando não está ensinando aos tataranetos as técnicaspassadas por seus ancestrais, está ´dando um banho` de respeito religioso e liberdade decrença. ´Eu acho que cada um pode ter a religião que quiser. Quando eu passo na frente dealgumas igrejas evangélicas, por exemplo, tiro o chapéu como sinal de respeito`, conclui. TantoSites e Portais __________________________________________________________ 208

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