As transformações ocorridas na paisag<strong>em</strong> do Parque Estadual do Tainhas,apresentam dois probl<strong>em</strong>as principais. O primeiro é a gran<strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>da expansão das áreas <strong>de</strong> Pinus spp. (32,2 ha/ano). Nesta proporção<strong>de</strong> transformação da cobertura do solo <strong>de</strong>ntro da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação,há o risco <strong>de</strong>, num futuro não muito distante, a paisag<strong>em</strong> do Parque se tornaruma matriz <strong>de</strong> Pinus spp. com fragmentos <strong>de</strong> paisag<strong>em</strong> natural.Esta perda das paisagens naturais do Parque Estadual do Tainhas,segundo o seu plano <strong>de</strong> manejo (RIO GRANDE DO SUL, 2008), provocaalterações negativas na vazão dos lençóis freáticos e no ecossist<strong>em</strong>a, eliminandoo hábitat <strong>de</strong> diversas espécies da fauna e flora. Além disso, fragmentaas áreas naturais e impe<strong>de</strong> o fluxo gênico das populações, principalmenteno que tange à dispersão <strong>de</strong> indivíduos e propágulos (RIOGRANDE DO SUL, op. Cit.).O segundo probl<strong>em</strong>a é o fato <strong>de</strong>sta expansão estar ocorrendo sobreáreas <strong>de</strong> Estepe Gramíneo-lenhosa (campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>). Segundo ZILLER& GALVÃO (2001, p. 45) a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> Pinus spp. <strong>em</strong> áreas <strong>de</strong> EstepeGramíneo-lenhosa implica:“A perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ecossist<strong>em</strong>a sobre o qual não háinformação científica suficiente para levar a ações satisfatórias <strong>de</strong> restauraçãoambiental, tomando por princípio que as mesmas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> buscar arestituição <strong>de</strong> processos ecológicos naturais.”A preocupação dos referidos autores <strong>em</strong> relação aos campos é corroboradapor CARVALHO (2006). Ele aponta que, juntamente com os florestamentosda silvicultura, a expansão das áreas <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> soja, o plantio <strong>de</strong>pastagens e o excesso <strong>de</strong> lotação das pastagens naturais são responsáveispela redução dos Campos Sulinos, tendo <strong>em</strong> vista que, <strong>em</strong> 1970, estes somavam14.078 milhões <strong>de</strong> hectares e, <strong>em</strong> 1996, passaram para 10.524 milhões<strong>de</strong> hectares. Atualmente a sua superfície estimada é <strong>de</strong> nove milhões<strong>de</strong> hectares, segundo Carvalho (op. Cit.).Outros passivos ambientais causados pelo cultivo <strong>de</strong> Pinus spp. são:o uso <strong>de</strong> fertilizantes e agrotóxicos (principalmente nos primeiros anos <strong>de</strong>cultivo para evitar as perdas causadas por formigas) que po<strong>de</strong>m causar acontaminação dos lençóis freáticos e do solo. Segundo POGGIANI (1996, p.33) isto po<strong>de</strong> eliminar formas <strong>de</strong> vida existentes e causar verda<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>sastresecológicos. A compactação do solo ocasionada pela utilização <strong>de</strong> máquinaspesadas durante a colheita, diminui a sua porosida<strong>de</strong>, dificultandoa infiltração da água e a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio para as raízes e para abiota. Além disso, após o corte raso, ocorre forte redução no processo <strong>de</strong>evapotranspiração, modificando o regime hídrico da microbacia (POGGIA-105
NI, op. Cit). Ainda segundo este autor, o nível do lençol freático aumenta,causando acréscimos no escoamento superficial, alterando o <strong>de</strong>flúvio dosrios e prejudicando a qualida<strong>de</strong> das águas.Consi<strong>de</strong>rando as curvas <strong>de</strong> nível e a hidrografia das cartas do exércitoda região estudada, as APP do Parque do Tainhas somam, entre ripáriase <strong>de</strong>clivosas, 1.003,7 ha. Destas, 991,3 ha são APP ripária e 12,4 ha por<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>.Dos 819 ha <strong>de</strong> Pinus spp. presentes na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>em</strong>2009, aproximadamente 61 ha encontravam-se <strong>em</strong> APP. Destes, 55,8 ha encontravam-s<strong>em</strong>argeando corpos hídricos, enquanto 5,4 ha eram plantiosou dispersão natural <strong>em</strong> locais com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> superior a 45º.5. Consi<strong>de</strong>rações finaisEntre 1984 e 2009 a área <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong> Pinus spp. no interior do ParqueEstadual do Tainhas aumentou mais <strong>de</strong> 18 vezes. Atualmente, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>conservação conta com 819,4 ha <strong>de</strong> Pinus spp. <strong>em</strong> seu interior. A taxa média<strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong> silvicultura no interior do Parque, <strong>em</strong> vinte e cincoanos, foi <strong>de</strong> 32,2 ha/ano. Isto inclui plantios <strong>em</strong> APP.A falta <strong>de</strong> regularização fundiária da área <strong>de</strong>stinada à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação,criada <strong>em</strong> 1975 e hoje com menos <strong>de</strong> 5% dos proprietários in<strong>de</strong>nizados,é o principal fator por trás <strong>de</strong>sta falta <strong>de</strong> controle do Estado sobreo território do Parque. O cultivo <strong>de</strong> Pinus na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação é contraditóriocom o seu objetivo <strong>de</strong> proteção da biodiversida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> estar<strong>em</strong> <strong>de</strong>sacordo com as normas e diretrizes estabelecidas pelo Sist<strong>em</strong>a Nacional<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (Lei Fe<strong>de</strong>ral, 9.9885/00). Entretanto, setorna bastante limitada a ação dos gestores quanto a este probl<strong>em</strong>a, umavez que a aquisição <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos estaduais que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> serprevistos <strong>em</strong> orçamento, o que não t<strong>em</strong> sido feito historicamente. A únicaproprieda<strong>de</strong> até o presente adquirida foi comprada com recursos <strong>de</strong> medidascompensatórias oriundas da construção <strong>de</strong> barragens. Isso nos leva aseguinte indagação: até que ponto vale a pena criar inúmeras unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>conservação no papel, s<strong>em</strong> que elas façam parte <strong>de</strong> uma política estadual<strong>de</strong> gestão ambiental? S<strong>em</strong> que na prática, estas áreas possam cumprir a suafunção <strong>de</strong> proteção da biodiversida<strong>de</strong>?A metodologia utilizada na realização <strong>de</strong>ste trabalho se mostrou eficaz,po<strong>de</strong>ndo, entretanto, ser melhorada, principalmente através da utilização<strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite com maior resolução espacial.106
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