Quanto aos fatores produtivos, buscou-se levantar o número <strong>de</strong> pessoasenvolvidas no trabalho <strong>de</strong> coleta, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> horas diárias <strong>em</strong>pregadase o rendimento do trabalho. Embora estas três variáveis pareçam teruma relação <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência, os dados obtidos, não permitiram umaanálise estatística robusta. No entanto, a percepção daqueles informantesque trabalham com a <strong>de</strong>rrubada da pinha indica que esta prática ofereceum maior rendimento do trabalho <strong>em</strong>pregado. Esta percepção também foiapontada nos trabalhos <strong>de</strong> SANTOS et al. (2002) e VIEIRA-DA-SILVA & REIS(2009). Por esse motivo a coleta do pinhão pela <strong>de</strong>rrubada das pinhas permitecompensar a falta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra familiar, ou mesmo otimizar o t<strong>em</strong>podisponível entre as diferentes ativida<strong>de</strong>s do trabalho cotidiano.Por outro lado a catação do pinhão, que envolve menor risco <strong>em</strong> relaçãoà subida no pinheiro, exige um trabalho repetitivo e um condicionamentoda postura <strong>de</strong> trabalho. Pelo fato <strong>de</strong> normalmente ser feito s<strong>em</strong>luvas ou qualquer outro equipamento <strong>de</strong> proteção, o ato <strong>de</strong> catar o pinhãocomumente provoca ferimento nas mãos pelo contato com a umida<strong>de</strong> e ainjúria provocada pelas grimpas 12 que ca<strong>em</strong> dos pinheiros.A sazonalida<strong>de</strong> produtiva do pinhão ocorre dos meses <strong>de</strong> abril a julho.Nos Campos <strong>de</strong> Cima da Serra este período já é marcado pela forte quedada t<strong>em</strong>peratura e por uma umida<strong>de</strong> contínua. Estas condições climáticastípicas da região constitu<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> fatores que dificultam o trabalho <strong>de</strong> coletado pinhão. Associado a isso está o acesso às áreas <strong>de</strong> coleta, aon<strong>de</strong> n<strong>em</strong>s<strong>em</strong>pre se chega <strong>de</strong> veículo, sendo usado cavalo, mula ou mesmo o transportebraçal do produto coletado. O caráter essencialmente manual e rudimentardo processo produtivo, quando associado a sua realização num período<strong>de</strong> inverno, aumenta a penosida<strong>de</strong> do trabalho. Talvez estas condiçõescorrobor<strong>em</strong> para a opção da coleta do pinhão através da subida no pinheiro.Mesmo com essas dificulda<strong>de</strong>s, <strong>em</strong> relação a importância do pinhão,<strong>de</strong> 31 entrevistados que respon<strong>de</strong>ram sobre o produto <strong>de</strong> maior contribuiçãodas ativida<strong>de</strong>s produtivas da família, apenas dois <strong>de</strong>stacaram o pinhãocomo principal gerador <strong>de</strong> renda. De 33 que respon<strong>de</strong>ram sobre as razõesda importância do pinhão, 19% <strong>de</strong>stacam que sua maior importância épara a alimentação; 37% para a renda e 44% para alimentação e renda simultaneamente.Note-se que, <strong>em</strong>bora não seja a principal fonte <strong>de</strong> renda,a gran<strong>de</strong> parcela dos entrevistados i<strong>de</strong>ntifica sua importância, apontandoassim a compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> do pinhão e outras ativida<strong>de</strong>s para a geraçãoda renda familiar. Inúmeras falas <strong>de</strong> entrevistados corroboram este fato:12 Nome dado ao ramo seco da araucária.147
“Eu uso quase s<strong>em</strong>pre para pagar as contas atrasadas.Veja, eu, pelo menos, comprei carro, e t<strong>em</strong> quefazer revisão e t<strong>em</strong> as contas do dia a dia. Daí quandochega a época do pinhão, a gente pensa, vou pegarum pinhão para pagar estas contas, para sairdo sufoco. Antes do pinhão a gente paga um contaaqui outra ali.” (Catador 1).“O dinheiro do pinhão é meu, o dinheiro do queijo épro rancho, ano passado eu comprei um microondascom o dinheiro do pinhão (...) Eu fecho a cercaescondida do Zé pro gado não entrar e comer meuspinhõezinhos” (Catador proprietário 2).“Comprei esta torra<strong>de</strong>rinha com os meus pinhãozinhoque eu juntei. E esta máquina aqui eu pagueimeta<strong>de</strong> <strong>de</strong>la com o dinheiro do pinhão. Com o dinheirodo pinhão <strong>de</strong>ste ano acho que vou comprarum forno, porque este meu já tá velho” (Catadorproprietário 2).Neste sentido, ressalta-se na fala <strong>de</strong> um catador a relação entre a valoraçãodo pinhão e a questão legal: “A época que o pinhão dá mais dinheiroé quando não tá liberado. Os pinhões que começam a <strong>de</strong>bulhar <strong>em</strong> março,qu<strong>em</strong> tira escondido, chega a tirar ali uns R$5,00/kg.” (Catador 1). Esta fala<strong>de</strong>monstra não somente que uma das questões fundamentais associadasa esta ativida<strong>de</strong> relaciona-se aos termos da regulamentação, mas tambémaponta para outro fato que ressaltamos anteriormente, a i<strong>de</strong>ntificação, pelaperspectiva dos catadores, da existência <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s com o pico <strong>de</strong> maturaçãoanteriores ao período permitido por lei para coleta.4. Consi<strong>de</strong>rações finaisO conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e os sist<strong>em</strong>as sociais e ecológicos <strong>em</strong> que osPFNM estão envolvidos apresentam algumas especificida<strong>de</strong>s inter-relacionadas,quais sejam: a) uma pequena escala <strong>de</strong> produção; b) associação a sist<strong>em</strong>asprodutivos caracterizados por uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, nasquais o extrativismo é apenas uma faceta; c) pequena parcela <strong>de</strong>stes produtosintegrando circuitos <strong>de</strong> comercialização monetária; d) integração à lógicada economia doméstica, tanto na forma <strong>de</strong> subsistência como com outrossignificados simbólicos e, neste sentido, muitas vezes, invisíveis sob a óticados instrumentos <strong>de</strong> análise normais, centrados no retorno econômico.148
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