13.07.2015 Views

NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA - A Disciplina

NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA - A Disciplina

NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA - A Disciplina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

161 <strong>DE</strong>MANDA EFETIVAmesmo cessar devido a uma mudança nos hábitosdo consumidor (levando-o a deixar de usarconjuntamente dois bens complementares) ou ainovações tecnológicas (como a dos motores aálcool, que alteraram a complementaridade entreveículos automotivos e petróleo).<strong>DE</strong>MANDA EFETIVA (ou Demanda Solvente).Num sentido amplo, é a demanda de bense serviços para os quais existe capacidade depagamento, uma vez que, na economia de mercado,a demanda solvente é a única que conta,embora seja inferior àquela decorrente das necessidadesdo conjunto da população. Num sentidomais específico, trata-se de um conceito desenvolvidopor Keynes em A Teoria Geral do Emprego,do Juro e do Dinheiro (1936) para representaras forças determinantes nas mudanças daescala de produção e do emprego tomados globalmente.Keynes atribuiu aos economistas clássicoso ponto de partida da discussão sobre osdeterminantes da oferta e da demanda, sobreos níveis de produção geral e, em particular, aodebate entre Ricardo e Malthus a discussão sobrea possibilidade de superprodução generalizadade mercadorias, problema que desembocouno que se tornou conhecido como a Lei dosMercados de Say, ou, abreviadamente, Lei deSay. O conceito de demanda efetiva de Keynese sua teoria pretendiam substituir a Lei de Say,embora o conceito já esboçado no seu livro Treatiseon Money (Tratado sobre a Moeda), 1930,fosse mais além e constituísse uma crítica ouantítese da teoria monetária dos economistasclássicos. A Lei de Say afirmava que era a produçãoque determinava a demanda, pois, se aprodução é que capacita as pessoas a comprar,então a demanda não poderia ser inferior àquela,isto é, incapaz de realizar a produção. Emborafosse admitido o excesso de produção em algunsmercados, este seria compensado por escassezem outros. J. S. Mill, no entanto, já havia percebidoque o dinheiro permitia a separação datroca em duas etapas, de tal forma que aqueleque vende não necessariamente compra no mesmoato. Mas isso só poderia causar transtornospassageiros no equilíbrio entre oferta e demanda,uma vez que o dinheiro era demandado ouretido apenas para ser em seguida gasto. Paraa escola marginalista, um excesso de oferta somentepoderia acontecer no caso em que o preçoda oferta superasse a utilidade marginal. Masnum mercado competitivo, o ajustamento entreoferta e demanda ocorria pela mudança nos preçosrelativos, embora por algum tempo, isto é,de forma transitória, pudesse ocorrer um excessode oferta. Assim, embora houvesse divergênciasentre os clássicos, como Smith e Ricardo, emarginalistas, como Marshall e Pigou, sobre outrostemas, na medida em que coincidiam naquestão da oferta e demanda pela produção,Keynes os classificava como “clássicos”. Ou seja,as explicações dos marginalistas para a existênciade superprodução eram que esta não decorriade entesouramento devido à falta de confiança,mas de temporários períodos de ajustesdos preços relativos. Assim, embora divergissemde Smith, Ricardo e Mill sobre a origem dovalor, os contemporâneos de Keynes (marginalistas)sustentavam que as discrepâncias entreo nível de emprego e o nível de pleno empregoseriam determinadas por causas temporárias nãopersistentes e eliminadas a longo prazo. É claroque as críticas que Keynes já esboçava a essasconcepções tiveram um reforço considerável nosanos subseqüentes à crise econômica de 1929,quando os níveis de desemprego ultrapassaram20% da força de trabalho — o que estouravaqualquer limite do que se pudesse considerardesemprego friccional de curto prazo. Em outraspalavras, os mecanismos automáticos de ajustamentonão ocorreram como afirmavam os clássicose os neoclássicos, embora Keynes reconhecesseque enquanto os primeiros pelo menos admitiamque aquilo que era poupado transformava-seem investimento (e, portanto, em demandade meios de produção), a teoria neoclássicapressupunha a validez da Lei de Say semdar à questão nenhuma discussão adicional.Para Keynes, tratava-se então de substituir a insuficienteLei de Say pela nova concepção dademanda efetiva. Portanto, ele divergia das concepçõesdos clássicos em dois pontos fundamentais.O primeiro consistia em admitir que os saláriossuperavam o nível de subsistência dos trabalhadoresde tal forma que as despesas combens de consumo não exauriam a renda totalobtida pelo trabalho. De acordo com a teoria doconsumo de Keynes, isso significava que à medidaque a produção crescia, aumentava tambéma diferença entre o custo do fator trabalhoe as despesas globais com consumo. A menosque tal diferença fosse coberta com gastos deinvestimentos, haveria problemas para a realizaçãoda produção no mercado, e os empresáriosacusariam perdas. O segundo ponto da divergênciaestava relacionado com o automatismoda transformação das poupanças em investimento,defendido pelos clássicos. Se o investimentoproduzisse perdas, ou mesmo mudançasnas taxas de juros, se provocasse alteraçõesno valor do capital, maiores ganhos futurospoderiam ser obtidos pela ação de não investir.Ou seja, numa economia monetária, nada garantiaque a maximização do retorno na formamonetária maximizaria também tanto a capacidadeprodutiva quanto a demanda por força detrabalho. Para Keynes, o nível de produção noqual o custo marginal de produção fosse equivalenteao preço esperado da oferta seria determinadopelo nível de investimento e pela pro-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!