Relatório Final - A verdade sobre a escravidão negra - Comissão da Verdade
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• Que a SEPPIR não seja desmantela<strong>da</strong> para que possa<br />
continuar executando o seu papel sendo a ponte entre os<br />
(as) quilombolas e o Governo Interino de Michel Temer,<br />
executando as políticas do Programa Brasil Quilombola,<br />
assim sendo não podem reduzir a SEPPIR numa simples<br />
‘pasta’ no ‘novo’ Ministério <strong>da</strong> Justiça e Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia;<br />
• Que o Estado Brasileiro cumpra e respeite as determinações<br />
do Decreto 4887 de 2003, foi uma conquista do Movimento<br />
Negro, ONGs e Quilombolas este Decreto que compõ mais<br />
<strong>da</strong> metade <strong>da</strong> população no Brasil;<br />
• Que o Brasil respeite os (as) negros (as), os (as) quilombolas, os<br />
(as) indígenas, os (as) Camponeses (as) e todos os povos que<br />
compõe a formação desta Pátria, que resistem e lutam, pois<br />
nunca estiveram adormecidos (as) ou não existiríamos mais;<br />
• Que o Brasil respeite os Tratados, Convenções e Acordos<br />
Internacionais assinados, firmados para combater o Racismo,<br />
a violência no campo e na ci<strong>da</strong>de, os conflitos agrários,<br />
os direitos humanos, a terra, a vi<strong>da</strong> dos (as) brasileiros e<br />
brasileiras lutadores (as) desta Pátria. (Conaq, 2016).<br />
A pauta <strong>da</strong> Conaq é emblemática e representa, de um modo geral, o<br />
descontentamento dos quilombolas com a atual conjuntura política e seus<br />
prováveis desdobramentos. Além de demonstrar pouco ou nenhum interesse<br />
para as questões <strong>da</strong>quelas comuni<strong>da</strong>des, o governo sinaliza com o desmonte<br />
<strong>da</strong>s atuais políticas e ações governamentais que, ain<strong>da</strong> que de forma pontual<br />
e incipiente, têm sido construí<strong>da</strong>s a duras penas nesses últimos doze anos.<br />
É importante assinalar que a luta pelos direitos fun<strong>da</strong>mentais quilombolas<br />
é caracteriza<strong>da</strong> pela representativi<strong>da</strong>de de uma maioria feminina. Nesse<br />
contexto, as entrevistas realiza<strong>da</strong>s com as lideranças dessas comuni<strong>da</strong>des<br />
pela Comissão mapeou a grande preocupação <strong>da</strong>s mulheres não apenas<br />
quanto à manutenção de seus territórios ancestrais, mas também em relação<br />
à formação moral e educacional <strong>da</strong>s crianças, ao desenvolvimento dos jovens<br />
junto à valorização <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de, ao bem estar físico, nutricional e psicológico<br />
<strong>da</strong>s famílias, à organização econômica do meio quilombola.<br />
Tal expressivi<strong>da</strong>de pode ser justifica<strong>da</strong> por um <strong>da</strong>do <strong>da</strong> Organização <strong>da</strong>s<br />
Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU) que afirma que entre 50 e 80% de to<strong>da</strong> a produção de<br />
alimentos do mundo é produzi<strong>da</strong> por mulheres de comuni<strong>da</strong>des tradicionais e<br />
são também elas as principais mantenedoras dos territórios como espaços de<br />
preservação de recursos naturais e de preservação <strong>da</strong> cultura (<strong>da</strong> linguagem<br />
aos saberes), uma vez que os homens na maioria <strong>da</strong>s vezes buscam outros<br />
meios de <strong>sobre</strong>vivência e sustento nas ci<strong>da</strong>des.<br />
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