Relatório Final - A verdade sobre a escravidão negra - Comissão da Verdade
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Essa reali<strong>da</strong>de consoli<strong>da</strong> um panorama perverso que, de modo geral, é<br />
característica de to<strong>da</strong>s as comuni<strong>da</strong>des visita<strong>da</strong>s. Com maior ou menor grau<br />
de virulência os Kilombos estão sempre afetos a situações de cerceamentos<br />
de to<strong>da</strong> ordem, de falta de apoio, de oposição de fortes interesses econômicos,<br />
de perseguições e preconceitos. Tudo isso resulta em um conjunto de<br />
problemas que lhes afetam o cotidiano e que de forma pontual podem ser<br />
resumidos e apresentados por itens <strong>da</strong> seguinte forma:<br />
TERRA:<br />
• Invasão e grilagem de terras quilombolas com a complacência dos<br />
órgãos governamentais;<br />
• Processo de re-invasão com a prática ilegal de compra de terras de<br />
quilombolas cuja comuni<strong>da</strong>de já obteve a legalização <strong>da</strong> posse <strong>da</strong><br />
terra;<br />
• Falta de recurso dos órgãos do Governo (Incra e organismos<br />
estaduais) para efetivar a regularização <strong>da</strong>s terras mediante processo<br />
de desintrusão e de indenização dos antigos ocupantes;<br />
• Inexistência de ações governamentais de assistência técnica e<br />
extensão rural (ATER) direciona<strong>da</strong>s para as terras quilombolas;<br />
• Não respeito por parte do Estado, ao cumprimento <strong>da</strong> Convenção nº<br />
169 <strong>da</strong> Organização Internacional do Trabalho (OIT), <strong>da</strong> qual o Brasil<br />
é signatário, e que prevê sanções legais à prática de discriminação<br />
racial.<br />
• Perigo de alteração na Legislação atual em face <strong>da</strong> bem como do<br />
Decreto nº 4887 ora em análise pelo STF.<br />
TRABALHO E RENDA:<br />
• Desemprego de uma grande parcela de quilombolas advindo <strong>da</strong><br />
falta de terras cultiváveis, bem como <strong>da</strong> ausência de fontes de<br />
microcrédito direciona<strong>da</strong>s para esses grupos;<br />
• Informalização do trabalho dos quilombolas que, à falta de melhores<br />
oportuni<strong>da</strong>des são obrigados a se empregarem ou trabalharem<br />
como meeiros nas fazen<strong>da</strong>s vizinhas, muitas <strong>da</strong>s quais assenta<strong>da</strong>s<br />
em terras quilombolas grila<strong>da</strong>s, em um processo que pode ser<br />
denominado re-escravização;<br />
• Falta de oportuni<strong>da</strong>des de trabalho não agrícola para alguns grupos<br />
específicos como as mulheres <strong>negra</strong>s e os jovens;<br />
• Algumas comuni<strong>da</strong>des estão muito distantes do centro urbano bem<br />
como <strong>da</strong>s áreas de oferta de emprego, caso dos Kalunga, o que faz<br />
com, à falta de oportuni<strong>da</strong>des, essas populações vivam em regime<br />
de subsistência<br />
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