Relatório Final - A verdade sobre a escravidão negra - Comissão da Verdade
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Introdução<br />
“Aqui na região tinha vários sanatórios. Eles eram acorrentados.<br />
Os sanatórios ficavam no Centro Estulânia, um distrito a 10 Km<br />
<strong>da</strong>qui, e no município de Professor Jamil. Era lá que eles ficavam<br />
acorrentados. Pela exclusão eles se tornavam alcoólatras e depois<br />
enlouqueciam, pois era muito o sofrimento. A exclusão e a pobreza<br />
enlouquecem!”.<br />
Lucy Helena Roza Tavares, Kilombo Ana Laura/Piracanjuba/GO<br />
“Então, a <strong>escravidão</strong> nossa hoje, do nosso povo e o chicote do<br />
nosso povo é o racismo institucional. Ele ain<strong>da</strong> é muito presente,<br />
ele ain<strong>da</strong> está presente em todos os momentos nas nossas<br />
comuni<strong>da</strong>des (...). Acho que hoje nós estamos com uns 90% dos que<br />
formaram no ensino médio todos dentro <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de, alguns<br />
fazendo licenciatura, outros, pe<strong>da</strong>gogia, nós temos médicos, temos<br />
advogados e mesmo assim a gente não se sente<br />
Maria Helena S. Rodrigues, Kilombo Kalunga/Monte Alegre/GO<br />
“(...) O saber não ocupa lugar, nós só seremos capacitados quando<br />
nós conhecermos nossos direitos... Para que as pessoas possam<br />
estar aprendendo a an<strong>da</strong>r, a buscar sua identi<strong>da</strong>de, seus direitos.<br />
A gente quer continuar essa luta com capacitação (...) muitas vezes<br />
tem negro que esquece sua identi<strong>da</strong>de, quer até ser branco, já acha<br />
que está diferente. Você mesmo é uma pessoa clara, em outros<br />
lugares a pessoa já não quer ser negro, esquece a sua identi<strong>da</strong>de,<br />
não adianta quando você sofre acidente, você é identificado até<br />
pela arca<strong>da</strong> dentária. Nós temos identi<strong>da</strong>de, precisamos correr atrás<br />
disso, se nós nos capacitarmos, às vezes a pessoa tem esse complexo<br />
de inferiori<strong>da</strong>de por ser negro, por a gente não capacitar... Então<br />
se nós formos capacitados chegamos com mais força, quando<br />
você chega e diz que é doutor, é diferenciado. Nossa associação é<br />
muita boa... Os dirigentes aqui Lucas e o Noabio que são pessoas<br />
capacita<strong>da</strong>s, estu<strong>da</strong>ntes, eles estão aprendendo. Socar o milho,<br />
furar o pilão, como dizia os escravos, vai com calma, você chega lá”.<br />
Euilcio Leite de Moraes, Kilombo Moinho/Alto Paraíso/GO