Relatório Final - A verdade sobre a escravidão negra - Comissão da Verdade
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Ain<strong>da</strong> <strong>sobre</strong> a socie<strong>da</strong>de de Planaltina, CASTRO (1986, p. 125)<br />
afirma o seguinte:<br />
Planaltina, contrariando os <strong>da</strong>dos <strong>sobre</strong> etnia do país, teve<br />
um caminho na formação étnica de sua população. O seu<br />
povoamento foi formado pelos brancos que coman<strong>da</strong>vam<br />
a mineração, brancos aventureiros e livres que participavam<br />
<strong>da</strong> mineração, negros, escravos do trabalho e escavação e<br />
lavagem de ouro, escravos livres no sucesso <strong>da</strong> mineração,<br />
brancos que carregavam grandes tropas de gado e negros<br />
escravos que auxiliavam no transporte de gado, desde o vale<br />
de São Francisco, brancos e negros, com predomínio de negros.<br />
Entretanto, nas visitas realiza<strong>da</strong>s pela Comissão a Região<br />
Administrativa de Planaltina/DF foi possível notar como a história<br />
perpetua<strong>da</strong> nos espaços públicos é aquela referente apenas<br />
à população branca. Do Ciclo do Ouro à contemporanei<strong>da</strong>de,<br />
não se encontra em nenhum espaço público algo que remeta a<br />
história do Negro na região de Planaltina. Nas obras que discorrem<br />
<strong>sobre</strong> a história <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, pouco se encontra a respeito <strong>da</strong> forma<br />
de vi<strong>da</strong> do Negro no período colonial. Nas raras vezes em que é<br />
citado, não passa de um mero <strong>da</strong>do estatístico. O Negro, como<br />
repeti<strong>da</strong>mente vem se falando neste <strong>Relatório</strong>, era tratado como<br />
coisa, mercadoria, sem identi<strong>da</strong>de, sem cultura, sem história.<br />
Planaltina é a ci<strong>da</strong>de mais antiga do DF, apesar <strong>da</strong> sua <strong>da</strong>ta de<br />
aniversário ser comemora<strong>da</strong> em 19 de agosto de 1859, estima-se<br />
que tenha mais de 200 anos. Contudo, carece de proteção do seu<br />
patrimônio histórico e <strong>da</strong> restauração e tombamento <strong>da</strong>s poucas<br />
casas coloniais que ain<strong>da</strong> se encontram na sua região central.<br />
Diferentemente de Luziânia, que teve a preocupação de<br />
preservar seu acervo documental e histórico, Planaltina por sua<br />
vez, na<strong>da</strong> manteve <strong>sobre</strong> a própria história, suas raízes e seu povo.<br />
Segundo informações obti<strong>da</strong>s pela Comissão os documentos<br />
podem ter sido intencionalmente destruídos ou escondidos.<br />
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