Relatório Final - A verdade sobre a escravidão negra - Comissão da Verdade
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contribuído de outras formas, por exemplo, financeiramente. As<br />
famílias Gomes Rabello e Alarcão constituem-se como <strong>da</strong>s maiores<br />
e mais antigas do Planalto Central, com grande capaci<strong>da</strong>de para a<br />
ação colonizadora. (Bertran, 2011, p. 112).<br />
a. ALARCÃO<br />
A família ALARCÃO era descendente de Claro Carlos de Alarcão,<br />
um dos fun<strong>da</strong>dores de Goiás Velho (Arraial de Sant’Anna), que<br />
em segui<strong>da</strong> transferiu-se para Pirenópolis (antigo Arraial <strong>da</strong> Meia<br />
Ponte). No século XIX (1880), sua viúva Margari<strong>da</strong> Soares Alarcão<br />
mudou-se para Mestre D’Armas, com seus nove filhos: Balbino,<br />
Deolino, Hermano, João, Cassiana, Marcelina, Maria, Etelvina e Sebastião<br />
(GUIMARÃES, 1992, p. 12). Esta, possuía grandes extensões<br />
de terra e famílias escraviza<strong>da</strong>s por todo o Planalto Central. Tinha<br />
ain<strong>da</strong> grande influência econômica e política, o que foi constatado<br />
nos registros de “Efemeri<strong>da</strong>des do Povoamento de Planaltina e<br />
Construção de Brasília” (CASTRO, 1986, p. 21): “1839 — 6/Mar — O Sr.<br />
José Cleto Carlos de Alarcão, residente no Arraial de Mestre D’Armas,<br />
recebe título de alferes” e “O alferes José Cleto Carlos de Alarcão foi<br />
eleito para o Conselho Municipal de Santa Luzia”.<br />
Em 1872, Sebastião Carlos de Alarcão registrou no cartório<br />
de Vila Formosa algumas <strong>da</strong>s pessoas escraviza<strong>da</strong>s que lhe<br />
pertenceram (Castro, 1986, p. 22):<br />
O Sr. Sebastião Carlos de Alarcão deu como registro, de seus<br />
escravos, no cartório de Vila Formosa:<br />
• Feliciano preto 25 anos<br />
• Germano crioulo 30 anos<br />
• Benevenuto cabra 25 anos<br />
• Salviano cabra 8 anos<br />
• Silvério crioulo 8 anos<br />
• Luzia cabra 26 anos<br />
• Torquata crioula 26 anos<br />
• Joana cabra 2 anos (filha de Torquata)<br />
Nota-se no registro cartorário colacionado acima que as pessoas<br />
escraviza<strong>da</strong>s recebiam diversas denominações e características<br />
que pudessem identificá-los em relação aos demais, como<br />
“preto”, “crioulo”, “cabra”, termos usados para distanciá-los dos<br />
brancos, “(...) uma vez que a cor branca podia funcionar como sinal<br />
de distinção e liber<strong>da</strong>de, enquanto a tez mais escura indicava uma associação<br />
direta ou indireta com a <strong>escravidão</strong>. Ain<strong>da</strong> que não se pudes-<br />
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