Relatório Final - A verdade sobre a escravidão negra - Comissão da Verdade
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Historiadores como Paulo Bertran (2011) afirmam que<br />
a criação de Arraial dos Couros está mais liga<strong>da</strong> ao Arraial de<br />
Santo Antônio de Itiquira (extinto, por ser um lugar insalubre).<br />
Em santo Antônio muita gente morreu provavelmente em<br />
decorrência de febre amarela e por isso seus moradores podem<br />
ter se mu<strong>da</strong>do para Arraial dos Couros, que rapi<strong>da</strong>mente<br />
se tornou um lugar destinado ao comércio, onde tropeiros<br />
passavam e faziam seus “pousos”.<br />
Outra fonte, Queiroz e Steinberger (2007, apud Chauvet,<br />
2005), defende a tese de que o surgimento de Formosa pode ter<br />
se <strong>da</strong>do pela ocupação de quilombolas (livres a partir <strong>da</strong> fuga) ou<br />
negros forros (com liber<strong>da</strong>de formaliza<strong>da</strong>).<br />
Contudo, a chega<strong>da</strong> do homem branco se deu com a posse<br />
<strong>da</strong>s terras através de Cartas <strong>da</strong>s Sesmarias, obti<strong>da</strong>s com o objetivo<br />
de estimular a lavoura de subsistência e a criação de gado.<br />
Possivelmente, o primeiro sesmeiro do Arraial foi Manoel Barros<br />
Lima. Porém, há registros de que, mesmo antes do surgimento do<br />
Arraial, Manoel d´Almei<strong>da</strong> recebera duas licenças de Sesmaria. De<br />
fato, a produção agrícola e pecuária trouxe grande prosperi<strong>da</strong>de<br />
para Formosa, pois as fazen<strong>da</strong>s são empreendimentos muito<br />
mais duradouros do que o garimpo. Algumas dessas fazen<strong>da</strong>s<br />
perduram até os dias de hoje.<br />
O Arraial dos Couros se transformou em Julgado em 12 de<br />
abril de 1834. Em 1843 o povoado passou a ser denominado Vila<br />
Formosa <strong>da</strong> Imperatriz vindo a fazer parte <strong>da</strong> Comarca de Santa<br />
Cruz. Em 1877 foi eleva<strong>da</strong> à categoria de ci<strong>da</strong>de. Por fim, tornouse<br />
Formosa sendo desmembra<strong>da</strong> do município de Planaltina no<br />
século XIX e de Cabeceira de Goiás em 1958.<br />
Na visita <strong>da</strong> Comissão à ci<strong>da</strong>de de Formosa, observouse<br />
que seus monumentos históricos foram totalmente<br />
descaracterizados e que, diferentemente do que aconteceu com<br />
a ci<strong>da</strong>de de Luziânia, todo o seu acervo histórico foi destruído.<br />
A informação mais relevante obti<strong>da</strong> só pode ser acessa<strong>da</strong> por<br />
meio do historiador e escritor Samuel Lucas. Trata-se <strong>da</strong> “Rua dos<br />
Crioulos” que, segundo Castro, 1986: “Um pouco antes, um pouco<br />
depois <strong>da</strong>s Minas de Santa Luzia, apareceram as concorri<strong>da</strong>s ‘Minas<br />
de Santo de Santo Antonio’, ou ‘Minas de Crioulos’”, que mais tarde<br />
transladou o seu local de habitação, para próximo <strong>da</strong> Lagoa Feia,<br />
o Arraial se denominou “Crioulos”, depois “Couros”, mais tarde,<br />
“Formosa <strong>da</strong> Imperatriz”, hoje, Formosa.