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Relatório Final - A verdade sobre a escravidão negra - Comissão da Verdade

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A socie<strong>da</strong>de atacou com força e tenaci<strong>da</strong>de os serviços do<br />

gigantesco rego, os quais sendo começados em abril de 1768<br />

continuaram por todo ano de 1769 e, a onze de setembro de<br />

1770, quando menos se esperava, foi aberto o dique que tinha<br />

sido feito nas Terras Altas, e água jorrou barulhenta, pela rua<br />

do rosário abaixo, conduzindo um turbilhão de cabaças, que<br />

produziram um ruído original, acompanhado por uma canção<br />

esquisita e insultuosa, canta<strong>da</strong> por mais de 100 escravos que,<br />

com cacetes quebravam as cabaças. (Livro: Almanach de Santa<br />

Luzia; Organizado por: Evangelino Meireles e Gelmires Reis, 1920,<br />

Tipografia de O Planalto. Santa Luzia – Go. Pág. 16 a 20).<br />

Dos 42 km construídos pelos escravizados só sobraram 9 km.<br />

O trecho preservado fica no Morro do Falcão, uma fen<strong>da</strong> tem 2m<br />

de largura e 2,8m de profundi<strong>da</strong>de.<br />

Segundo o site Última Para<strong>da</strong> 9 :<br />

No lugar de terra, os escravos encontraram pedra. A quali<strong>da</strong>de<br />

dos cortes que formam as paredes e o piso prova a quali<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> mão de obra.<br />

Ao longo de todo o canal, os negros levantaram dois aterros<br />

para o nivelamento do terreno, um com 500m de altura e 3m<br />

de profundi<strong>da</strong>de e outro de 1,5m de largura e 5m de altura. A<br />

ca<strong>da</strong> quilômetro de canal, os escravos fizeram um declive de<br />

1m. Com isso, as águas desvia<strong>da</strong>s do Saia Velha ganhavam<br />

força para transpor alguns trechos de subi<strong>da</strong> e circular os<br />

morros até chegarem ao destino, a mina de ouro do Cruzeiro.<br />

Ela ficava na parte alta <strong>da</strong> então Santa Luzia. Sem água, a<br />

mineração era impraticável.<br />

Contudo, nas quatro visitas que fizemos a Luziânia em nenhum<br />

momento identificou-se qualquer registro a respeito desse canal,<br />

tão bem construído pelos negros escravizados. Trata-se de uma<br />

obra que foi tão importante para a ci<strong>da</strong>de e que poderá vir, algum<br />

dia, a ser novamente necessária. Apenas o historiador Gelmires<br />

Reis fala a respeito desse rego que hoje está abandonado, mas tão<br />

somente para exaltar os capitães envolvidos na sua construção.<br />

Como sempre as realizações do povo negro são omiti<strong>da</strong>s, renega<strong>da</strong>s<br />

ou dissimula<strong>da</strong> pela história brasileira, mais precisamente, pelos que<br />

até hoje detêm o poder econômico e político, a fim de preservar<br />

seus privilégios e esconder seus passados obscuros.<br />

9 Disponível em: https://ultimapara<strong>da</strong>.wordpress.com/category/goias/page/5/. Acesso em: 06/09/2016.<br />

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