12.09.2017 Views

MIOLO ELA POR ELAS Nº 8

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

108<br />

Ana Luísa gosta de manter seus cabelos lisos.<br />

que diz investir em shampoo, cremes e<br />

hidratantes específicos para manter os<br />

cabelos naturais com a aparência que<br />

deseja.<br />

A pesquisa intitulada “Brasileiras e<br />

os Cabelos”, realizada pelo Ibope, em<br />

parceria com a Unilever (2011) aponta,<br />

entre outros dados, que as mulheres<br />

gastam, em média, 35 minutos diários<br />

apenas cuidando dos fios. Foram ouvidas<br />

400 mulheres das classes A, B e C<br />

- nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro,<br />

Recife e Porto Alegre. E o resultado<br />

mostra que o cabelo é parte essencial<br />

no ritual de beleza da brasileira:<br />

37% das entrevistadas usam creme de<br />

pentear e de tratamento; 72% afirmam<br />

gostar de cuidar do cabelo; 74% acham<br />

que com o cabelo bonito se sentem<br />

confiantes e para 37% ir ao salão é<br />

uma necessidade.<br />

Influência da mídia<br />

A questão cultural é, muitas vezes,<br />

estimulada ou reforçada pela mídia.<br />

Em novelas ou comerciais, que sempre<br />

ditam modas, o cabelo é mesmo algo<br />

muito destacado e valorizado. Para a<br />

NANCI ALVES<br />

psicóloga clínica e professora da PUC<br />

Minas, Ada Ferreira, moda significa<br />

seguir a tendência. “Agora é a vez dos<br />

cabelos lisos, mas se de uma hora para<br />

outra a mídia apresentar cabelos crespos<br />

como a sensação do momento, pode<br />

ser que pessoas que hoje tenham cabelos<br />

lisos, busquem modificá-lo para<br />

ficar na moda. Todas querem se sentir<br />

bem. Para a mulher, o cabelo representa<br />

a sensualidade, a feminilidade. Ter um<br />

cabelo bonito e bem cuidado é muito<br />

importante para a autoestima”, diz.<br />

Porém, na própria mídia que dita<br />

modas, a valorização do cabelo, às<br />

vezes, carrega uma discriminação contra<br />

quem está fora do padrão exigido. A<br />

professora Carolina dos Santos de Oliveira,<br />

em sua tese de mestrado, realizou<br />

uma análise crítica do discurso da<br />

revista adolescente Atrevida, enfocando<br />

a imagem de adolescentes negras na<br />

publicação. “Nos exemplares avaliados<br />

do período do recorte 2001 a 2005<br />

pode-se perceber uma incipiente inclusão<br />

das imagens de adolescentes negras,<br />

no entanto ainda no lugar de quem<br />

precisa ser moldado, modificado e domado,<br />

sendo o cabelo uma característica<br />

muito explorada, por ser um sinal diacrítico<br />

marcadamente racial”, afirma.<br />

Na sua avaliação, o Brasil precisa<br />

de iniciativas de educação libertária<br />

para amenizar essa bagagem da “boa<br />

aparência” imposta às mulheres. “A sociedade<br />

não pode alimentar essa indústria<br />

que causa sofrimentos e impõe<br />

uma doma ao corpo feminino e com<br />

mais imperatividade ao corpo feminino<br />

negro”. Porém, Carolina Oliveira acredita<br />

que a escola não pode ser a única<br />

responsabilizada por esta mudança.<br />

“Entendo a escola, da forma como ela<br />

se configura hoje, como uma reprodutora<br />

da sociedade, com pouco ou ne-<br />

Revista Elas por Elas - Abril 2015

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!