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MIOLO ELA POR ELAS Nº 8

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públicas com os demais técnicos da<br />

rede para pensar soluções sobre o<br />

tema. Atua como um terceiro, com<br />

sua lógica própria e isso não é saudável<br />

para essa relação. O Município transfere<br />

a responsabilidade, o que dificulta o<br />

diálogo e o controle social sobre o serviço<br />

que é prestado”, afirma Egídia.<br />

Os principais atores dessa discussão<br />

tem sido a Defensoria Pública e o Ministério<br />

Público. “Nesse momento o<br />

MP está dividido. Uma parte tem uma<br />

visão muito autoritária e fascista. É um<br />

fato ruim porque a instituição costuma<br />

ser um defensor dos direitos humanos.<br />

Mas, a verdade é que os procuradores<br />

que tomaram essa decisão representam<br />

uma parcela da sociedade que julga<br />

essas mulheres de forma arbitrária e<br />

acredita que retirar os filhos do seu<br />

convívio é a melhor solução. Pensam<br />

como um problema de Polícia ou de<br />

Justiça e não de saúde pública ou de<br />

políticas públicas, como nós entendemos”,<br />

destaca Egídia.<br />

Em contraponto à ação do Ministério<br />

Público, a Defensoria Pública da União<br />

e do Estado de Minas Gerais, por meio<br />

de seus setores especializados em Infância<br />

e Juventude e Direitos Humanos,<br />

Coletivos e Socioambientais publicou<br />

uma recomendação conjunta no sentido<br />

de proteger essas mães e seus filhos e<br />

evitar a quebra dos laços familiares.<br />

Além disso, foi criada uma rede de profissionais<br />

que estão em debate constante<br />

sobre esses casos. O grupo reúne psicólogos,<br />

assistentes sociais, advogados,<br />

agentes de saúde, entre outros representantes<br />

envolvidos nessa causa.<br />

Uma das reivindicações desse grupo<br />

é que a Defensoria seja comunicada sobre<br />

os casos, assim como é feito com o<br />

Ministério Público. Para que o processo<br />

possa ser acompanhado desde o início.<br />

Da maneira como tem sido feito o procedimento,<br />

a Defensoria só é informada<br />

quando a criança já está no abrigo.<br />

“Estamos estudando formas legais, possivelmente<br />

uma ação civil pública, para<br />

que o Município atenda a essa mulher<br />

que realmente tem dependência química,<br />

de forma que ela não tenha que passar<br />

pela perda da criança. Queremos, ainda,<br />

dialogar com o Juizado da Infância. Estamos<br />

correndo o risco de adoções sumárias,<br />

o que pode ter ligações com o<br />

tráfico internacional de pessoas”, reivindica<br />

Egídia.<br />

Esse debate coloca em foco a situação<br />

das mulheres em situação de rua.<br />

Não é uma questão de direito individual<br />

apenas, envolve as demandas coletivas<br />

e o aspecto conservador da sociedade<br />

brasileira. Para a advogada Egídia<br />

Aiexe, a educação em direitos humanos<br />

é fundamental para mudar esse quadro<br />

de preconceito e discriminação. “Precisamos<br />

ensinar o que é democracia.<br />

Pensar a realidade considerando que<br />

ela tem vários olhares e perspectivas e<br />

que cada um vai somar em um mesmo<br />

espaço, construindo alguns consensos<br />

e promovendo o debate a todo o<br />

tempo, porque é assim que a humanidade<br />

deve caminhar”.ø<br />

“Para a advogada<br />

Egídia Aieixe, a<br />

educação em direitos<br />

humanos é<br />

fundamental para<br />

mudar esse quadro<br />

de preconceito e<br />

discriminação”.<br />

Revista Elas por Elas - Abril 2015

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