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Margarida Salomão - PT<br />
Minha militância começou na universidade,<br />
nos anos 1980, como professora<br />
universitária e como liderança<br />
sindical. Nos anos 1990, ingressei na<br />
política acadêmica, como pró-reitora<br />
e reitora, com um enfrentamento muito<br />
grande aos governos tucanos e sua<br />
concepção equivocada e perigosa sobre<br />
o ensino superior. A partir desse<br />
acúmulo, passei a militar também fora<br />
ARQUIVO PESSOAL<br />
da universidade, buscando mudanças<br />
para além do quadro institucional. As<br />
dificuldades de todas as mulheres militantes<br />
que não derivam, nem são herdeiras,<br />
de uma militância masculina.<br />
Primeiro, tem que praticar uma quebra<br />
de expectativa, porque o ambiente e<br />
as relações interpessoais na política<br />
são fundamentalmente masculinas. Em<br />
segundo lugar, precisa convencer o<br />
eleitorado de que, mesmo sendo mulher,<br />
pode ser uma boa representante. A mulher<br />
é desacreditada na política, muitas<br />
vezes com apelo sexual, ou questionando<br />
a sua capacidade, como o caso<br />
das campanhas recentes extremamente<br />
violentas sobre a Dilma e Graça Foster,<br />
que tentam denotar que elas “não dão<br />
conta” da função pública que assumiram.<br />
Duas pautas são consensuais na<br />
bancada feminina: o combate à violência<br />
contra a mulher e a ampliação da participação<br />
feminina nos espaços de poder.<br />
Em relação à violência, a luta está<br />
no campo microfísico, das microrrelações,<br />
em casa. Por isso é necessário o<br />
agravamento das penas e o cumprimento<br />
da Lei Maria da Penha. Sobre<br />
o empoderamento na política, eu defendo<br />
a paridade de gênero. A pauta<br />
feminina na Câmara hoje é uma pauta<br />
subordinada, porque nós somos minoritárias<br />
e dependemos da boa vontade<br />
dos homens. Quando se pode ter o estupro<br />
tratado como premiação, “você<br />
não merece ser estuprada”, declarado<br />
publicamente e impunemente na Câmara,<br />
fica evidente que a nossa luta<br />
pela garantia de direitos é enorme. Minha<br />
contribuição é defender nossas<br />
pautas, a ampliação e o aperfeiçoamento<br />
dos nossos direitos, e ser contrária,<br />
evidentemente, a todas as pautas<br />
que tentam reintroduzir o poder patriarcal,<br />
as quais devem reaparecer<br />
com essa nova composição mais conservadora<br />
da Casa.<br />
dep.margaridasalomao@camara.leg.br<br />
LUCIO BERNARDO JR. /C.D<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015