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MIOLO ELA POR ELAS Nº 8

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33<br />

Margarida Salomão - PT<br />

Minha militância começou na universidade,<br />

nos anos 1980, como professora<br />

universitária e como liderança<br />

sindical. Nos anos 1990, ingressei na<br />

política acadêmica, como pró-reitora<br />

e reitora, com um enfrentamento muito<br />

grande aos governos tucanos e sua<br />

concepção equivocada e perigosa sobre<br />

o ensino superior. A partir desse<br />

acúmulo, passei a militar também fora<br />

ARQUIVO PESSOAL<br />

da universidade, buscando mudanças<br />

para além do quadro institucional. As<br />

dificuldades de todas as mulheres militantes<br />

que não derivam, nem são herdeiras,<br />

de uma militância masculina.<br />

Primeiro, tem que praticar uma quebra<br />

de expectativa, porque o ambiente e<br />

as relações interpessoais na política<br />

são fundamentalmente masculinas. Em<br />

segundo lugar, precisa convencer o<br />

eleitorado de que, mesmo sendo mulher,<br />

pode ser uma boa representante. A mulher<br />

é desacreditada na política, muitas<br />

vezes com apelo sexual, ou questionando<br />

a sua capacidade, como o caso<br />

das campanhas recentes extremamente<br />

violentas sobre a Dilma e Graça Foster,<br />

que tentam denotar que elas “não dão<br />

conta” da função pública que assumiram.<br />

Duas pautas são consensuais na<br />

bancada feminina: o combate à violência<br />

contra a mulher e a ampliação da participação<br />

feminina nos espaços de poder.<br />

Em relação à violência, a luta está<br />

no campo microfísico, das microrrelações,<br />

em casa. Por isso é necessário o<br />

agravamento das penas e o cumprimento<br />

da Lei Maria da Penha. Sobre<br />

o empoderamento na política, eu defendo<br />

a paridade de gênero. A pauta<br />

feminina na Câmara hoje é uma pauta<br />

subordinada, porque nós somos minoritárias<br />

e dependemos da boa vontade<br />

dos homens. Quando se pode ter o estupro<br />

tratado como premiação, “você<br />

não merece ser estuprada”, declarado<br />

publicamente e impunemente na Câmara,<br />

fica evidente que a nossa luta<br />

pela garantia de direitos é enorme. Minha<br />

contribuição é defender nossas<br />

pautas, a ampliação e o aperfeiçoamento<br />

dos nossos direitos, e ser contrária,<br />

evidentemente, a todas as pautas<br />

que tentam reintroduzir o poder patriarcal,<br />

as quais devem reaparecer<br />

com essa nova composição mais conservadora<br />

da Casa.<br />

dep.margaridasalomao@camara.leg.br<br />

LUCIO BERNARDO JR. /C.D<br />

Revista Elas por Elas - Abril 2015

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