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Apoio aos circenses<br />
Na avaliação de Sula Mavrudis, a<br />
falta de políticas públicas para o circo<br />
e a falta de legislação específica, em<br />
todos os níveis, que garantam o direito<br />
ao trabalho, saúde, educação e moradia<br />
têm gerado frustação e, consequentemente,<br />
abandono da profissão por<br />
parte de muitos circenses, impactando<br />
na vida das famílias. “É triste ver circenses,<br />
para sobreviver, fazendo outras<br />
atividades que não as que aprenderam<br />
pela sua tradição familiar e que, ao<br />
longo da história, lutam sozinhos para<br />
preservar. Isso é uma degradação do<br />
status”, denuncia.<br />
Segundo Sula Mavrudis, muitos deixaram<br />
de ser itinerantes e, mesmo com<br />
residência fixa, tentam viver de sua<br />
arte, realizando apresentações avulsas<br />
ou oficinas de circo em escolas, clubes<br />
e eventos em geral. E este tem sido um<br />
dos papéis da Rede de Apoio aos Circos<br />
– além de lutar por acesso a políticas<br />
públicas, ajuda as famílias circenses a<br />
conseguirem retomar suas atividades.<br />
Para isso, há muitos anos, fazem uma<br />
reunião com todos os circenses interessados,<br />
às primeiras quartas-feiras do<br />
mês, na sede da RAC. Atualmente, são<br />
60 circos integrantes da Rede.<br />
As novas gerações de circenses,<br />
desanimadas com a falta de apoio<br />
legal, sonham em ser contratadas por<br />
um circo estrangeiro como os da França,<br />
Portugal, Las Vegas, onde os circenses<br />
são mais valorizados. Para a<br />
coordenadora da RAC, a conclusão é<br />
clara: “O Brasil precisa, urgente, de<br />
políticas públicas para o circo. A técnica<br />
é eterna, mas não o circo. Ele e suas<br />
famílias tradicionais estão em risco de<br />
extinção, pois sempre foram esquecidas<br />
pelos governantes”.<br />
Circo contemporâneo<br />
A arte milenar experimenta agora<br />
uma ramificação chamada de circo contemporâneo.<br />
Os novos artistas aprendem<br />
em escolas e não mais com a<br />
família, como antigamente. A primeira<br />
escola de circo surgiu no Rio de Janeiro<br />
em 1982, chamada Escola Nacional de<br />
Circo. Em todo o país, escolas e projetos<br />
sociais ensinam as técnicas circenses<br />
e, quando formados, os jovens que<br />
participaram criam grupos e passam a<br />
se apresentar ao público. É o que<br />
viveu, por exemplo, a mineira Luciana<br />
Menin(foto) que fez sua formação em<br />
Belo Horizonte e Londres, com balé,<br />
teatro e circo. Depois, já em São Paulo,<br />
trabalhou em espaço aberto por muito<br />
tempo com o Circo Amarillo. Após<br />
dez anos assim, e já casada com o argentino<br />
Pablo Nordio, se uniram a sete<br />
ASACAMPOS<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015