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ciedade passa a te olhar com mais respeito,<br />
a escola cresce e os alunos ficam<br />
mais confiantes e mais motivados, enfim,<br />
todos ganham”, relata. Segundo<br />
ela, ser professora não é uma tarefa<br />
fácil, mas é gratificante. “Gosto muito<br />
do que faço. O que eu sei fazer é dar<br />
aula. Quando você vê que uma ação<br />
sua fez a diferença na vida das pessoas,<br />
é a melhor realização, é um prêmio.<br />
Apesar dos desafios, eu ainda acredito<br />
muito na educação”, completa Marli.<br />
Aula de cidadania<br />
Outra professora mineira reconhecida<br />
pelo Prêmio Professores do Brasil<br />
é Soraya Amaral Nantes de Castilho.<br />
Ela é professora de Química na Escola<br />
Estadual Benedito Ferreira Calafiori,<br />
em São Sebastião do Paraíso, no Sul<br />
de Minas. Seu projeto Ditão em ação:<br />
descarte de pilhas e baterias foi desenvolvido<br />
com cerca de 200 alunos<br />
do 3º ano do Ensino Médio.<br />
Ao longo de 2013, eles recolheram<br />
cerca de 400 quilos de pilhas e baterias<br />
e cuidaram do envio do material para<br />
uma empresa de reciclagem. O projeto<br />
nasceu quando a professora Soraya<br />
constatou o desconhecimento dos alunos<br />
sobre o funcionamento e a composição<br />
desses produtos e, principalmente,<br />
sobre como descartá-los no fim<br />
de sua vida útil. Foi preciso então estudar<br />
a teoria, assistir a vídeos e colocar<br />
em prática as ideias que surgiram. Os<br />
alunos construíram, então, baterias rudimentares<br />
com limões e batatas, criaram<br />
panfletos sobre reciclagem e uma<br />
música sobre o descarte correto de pilhas<br />
e baterias. Também criaram coletores<br />
(papa-pilhas) e hoje há dezenas<br />
deles espalhados pela cidade.<br />
Soraya Amaral conta que o projeto<br />
mudou sua forma de atuar na escola e<br />
na vida. “Hoje me sinto cada vez mais<br />
responsável pelos problemas ambientais<br />
ao meu redor. Continuo procurando<br />
parcerias para ampliar o projeto a fim<br />
de informar, sensibilizar e aumentar a<br />
consciência ambiental de novos alunos<br />
e da população”, relata. Assim, ela<br />
continua a incentivar a criação de mais<br />
postos de recolhimento de pilhas e baterias<br />
em sua cidade. “Precisamos evitar<br />
o descarte na natureza de metais pesados,<br />
tão prejudiciais à sustentabilidade<br />
do planeta e à saúde da humanidade”,<br />
observa. Com sua visão consciente, a<br />
professora Soraya dá uma aula de cidadania.<br />
“O papel do professor é garantir<br />
a aprendizagem, criar possibilidades<br />
de construção do conhecimento,<br />
transmitir valores, atitudes e habilidades,<br />
mas, sobretudo, acreditar no potencial<br />
dos alunos, permitindo-lhes crescer<br />
como pessoas, como cidadãos e como<br />
futuros trabalhadores”, completa.<br />
ARQUIVO PESSOAL<br />
Professora<br />
conta que foi<br />
influenciada por<br />
outras mulheres<br />
a seguir a<br />
profissão<br />
Fernanda Gontijo de Abreu (foto),<br />
professora de Língua Portuguesa de<br />
uma escola particular de BH, escolheu<br />
a profissão inspirada por sua mãe professora<br />
e por sua rica vivência com<br />
suas professoras desde a infância. Por<br />
sua atuação diferenciada e integrada à<br />
equipe de professores da escola, ela<br />
recebeu o Prêmio Educa Minas para<br />
a Diversidade, em dezembro de 2014.<br />
Nessa entrevista, ela conta um pouco<br />
de sua trajetória no ambiente escolar,<br />
expõe sua crença no papel transformador<br />
da educação, e repercute os<br />
desafios encontrados pelas professoras<br />
para exercer a profissão.<br />
Como surgiu o interesse pela<br />
profissão?<br />
Desde criança, tenho um envolvimento<br />
especial com o ambiente escolar.<br />
Um dos motivos é o fato de eu ser<br />
filha de professora. Minha mãe lecionou<br />
por anos no ensino infantil do tradicional<br />
Instituto de Educação de Belo Horizonte<br />
em uma época em que ali se apostava<br />
na ampla formação do aluno: refirome,<br />
obviamente, não apenas à formação<br />
cognitiva, mas a que também<br />
levava seriamente em conta a emoção,<br />
a sociabilidade e o desenvolvimento<br />
dos valores éticos, o que fazia a equipe<br />
docente investir criteriosamente no<br />
saber lúdico e inventivo, na alegria da<br />
convivência na escola, na leitura crítica<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015