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ções, Eva responde com serenidade:<br />
“Aqui em casa, nós cultivamos valores<br />
como respeito, afetividade, diálogo,<br />
colaboração, espiritualidade. Resolvemos<br />
os conflitos conversando. Embora<br />
haja as diferenças, há um somatório<br />
de aprendizado”.<br />
Seu conceito de família é muito<br />
mais amplo do que vivem atualmente<br />
as famílias tradicionais, ligadas por relações<br />
sanguíneas de parentesco. Vendo<br />
a realidade de Eva, é possível perceber<br />
que, para ela, família é quem vive<br />
junto, buscando o apoio mútuo para<br />
superar as adversidades. “Família é<br />
toda a força que a gente precisa. É o<br />
apoio que as pessoas necessitam para<br />
enfrentar a vida com mais segurança”.<br />
Casa cheia de afeto<br />
Os filhos contam, com alegria, que<br />
a casa fica ainda mais cheia, quando é<br />
aniversário de alguém, ou em datas<br />
festivas como o Natal. “Vem muita<br />
gente que já passou por aqui, e que<br />
mora longe”. Um deles relata que as<br />
viagens anuais da família à praia são<br />
sempre uma festa. “Quando o ônibus<br />
chega com aquele tanto de gente, o<br />
pessoal pensa que é excursão, mas<br />
não, é uma família em férias”.<br />
Para acolher e cuidar de tanta pessoas,<br />
Eva sempre contou com a ajuda<br />
de inúmeros amigos que constantemente<br />
traziam doações e colaboravam<br />
de diferentes maneiras. Ela ressalta<br />
que nunca teve apoio de órgãos governamentais,<br />
porque não quis institucionalizar<br />
o que fazia. Sempre fez com<br />
o coração, sem outras intenções.<br />
Atualmente, a residência grande e<br />
modesta abriga 33 pessoas em 5 quartos<br />
femininos e 6 quartos masculinos.<br />
O mais novo da casa é um neto de 5<br />
anos. A obra, que não havia sido terminada,<br />
foi doada à família no ano<br />
2000 por uma associação que viu na<br />
atuação de Eva o merecimento e a necessidade<br />
de espaço para tanta gente<br />
e afeto. No entanto, foi preciso muito<br />
trabalho da família e de amigos para<br />
colocá-la em condições de ser habitada.<br />
Movida pela esperança e pelo desejo<br />
de um futuro melhor para seus filhos,<br />
como toda mãe, Eva vislumbra novos<br />
tempos em uma moradia ainda melhor.<br />
Filhos contam<br />
a diferença que<br />
Eva fez em<br />
suas vidas<br />
Sônia Maria da Silva, 51 anos,<br />
mora na casa de Eva há mais de 1<br />
ano, onde diz ter começado sua vida<br />
novamente. “Eu era alcoólatra. Vivi<br />
nas ruas por 26 anos. Depois trabalhei<br />
em casa de família. O álcool só me<br />
trouxe destruição. Já não estou mais<br />
fazendo uso dele. Aqui eu achei o meu<br />
lugar. Tenho carinho de mãe e pai.<br />
Eles cuidam de mim, e eu cuido deles.<br />
Passo boa parte das roupas da casa,<br />
principalmente dos especiais. Acho<br />
que minha velhice vai ser aqui”.<br />
Outra história que ilustra a grandeza<br />
das ações de Eva é a de seu sobrinho<br />
biológico e “filho”, Israel Williano Marcelo<br />
da Silva, de 27 anos. Sua mãe,<br />
irmã de Eva, morou na casa por alguns<br />
anos criando seus filhos e ajudando a<br />
criar as demais crianças. Há alguns<br />
anos mudou-se para o interior. Ele<br />
ARQUIVO PESSOAL<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015