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casou-se, se tornando-se artista também,<br />
ao mesmo tempo em que foi dona<br />
de casa e mãe de 13 filhos. Com certeza,<br />
uma vida de muita luta e resignação.<br />
Hoje, viúva, avó de 20 netos e 5<br />
bisnetos, ela relembra com emoção toda<br />
sua história. “Eu fui artista todo tempo,<br />
parando somente quando os filhos já estavam<br />
grandes, mas nunca sofri preconceitos<br />
por ser mulher de circo.<br />
Como era familiar, éramos bem recebidos.<br />
Mas enfrentamos muitas dificuldades<br />
para sermos um circo tradicional,<br />
itinerante. Falta de conforto, água, luz,<br />
problemas com as escolas para filhos...<br />
Várias vezes, o caminhão estragava e<br />
tínhamos que dormir na estrada de<br />
terra, mas fomos felizes. No início, alugávamos<br />
casas em cada lugar que chegávamos<br />
por uns três meses. Depois,<br />
passamos a usar os trailers”, afirma<br />
dona Rita, que diz sentir saudades de<br />
tudo que viveram”. Depois de muitos<br />
anos, fixaram residência em Contagem<br />
(MG), onde os filhos e, agora, até os<br />
netos fazem espetáculos.<br />
Uma família de quatro gerações de<br />
circo e muita história para contar. Para<br />
Patrícia Simões, filha de dona Rita,<br />
fazer circo sempre foi uma paixão. “Comecei<br />
ainda criança, fui equilibrista e<br />
dançarina. Hoje sou auxiliar de mágico<br />
e apresento dança do ventre”, conta.<br />
Também para a nora da dona Rita, Marta<br />
Simões, o circo é “fascinante e vai<br />
sequestrando as pessoas”. Atualmente,<br />
trabalha com estética, mas foi artista<br />
circense por muitos anos. “Desde o namoro,<br />
já participava dos espetáculos<br />
com malabares, mágica, esquetes humoradas,<br />
etc. Claro que para minha família<br />
foi uma surpresa e meus pais ficaram<br />
inseguros pela vida nômade que<br />
é a do artista circense. Mas o circo foi<br />
um divisor de água em minha vida.<br />
Aprendi a conviver com uma cultura<br />
diferente da minha, um desafio positivo.<br />
Mudei a forma de enxergar o outro.<br />
Consigo olhar para uma pessoa e ver<br />
sua história”, conta Marta.<br />
Na família da dona Rita, todos<br />
aprenderam muito, até cozinhar e cuidar<br />
da casa. Para seu filho Lindomar,<br />
um aprendizado para toda vida. “Há<br />
anos, eu faço nossos figurinos. Até a<br />
ter fé aprendi com minha mãe. Posso<br />
dizer que a mulher é fundamental no<br />
circo. Além da beleza feminina, que é<br />
importante no picadeiro, ela é ótima<br />
para administrar também.”, diz.<br />
MARK FLOREST<br />
Dona Rita Simões entre sua filha Patrícia, a neta Yhaninha e, à direita a nora Marta Simões.<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015