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Elas por elas mesmas<br />
Em sua oitava edição, a revista Elas<br />
por Elas traz muitas histórias de mulheres<br />
que vivem realidades diversas.<br />
São ciganas, circenses, escritoras, sindicalistas,<br />
cabeleireiras, professoras,<br />
políticas, quadrinistas, presidiárias, feministas,<br />
etc. Não importa quais papéis<br />
exerçam na vida ou na sociedade, são<br />
mulheres de fibra que enfrentam o desafio<br />
de lutar contra o machismo, a<br />
violência e a discriminação.<br />
Elas por elas mesmas descrevem a<br />
dor e a delícia de serem mulheres. E<br />
assim, como numa colcha de retalhos<br />
multicolorida, essas diferentes vivências<br />
nos trazem encantamento e importantes<br />
reflexões sobre o universo feminino.<br />
Cabelo, imagem, maternidade, sexualidade,<br />
educação, violência, seja qual<br />
for o tema abordado, em todas as reportagens<br />
há sempre uma personagem<br />
guerreira. Uma mulher que superou<br />
desafios, que foi à luta, que não esmorece<br />
diante de uma sociedade que dá<br />
passos lentos em direção à igualdade<br />
de gênero.<br />
Ser mãe em situação adversa é um<br />
dos destaques dessa edição. Falamos<br />
das mães que vivem nas ruas e convivem<br />
com as drogas, das que são impedidas<br />
de parir em sua própria cidade, das<br />
que sofrem restrição de liberdade e<br />
são obrigadas a se separar de seus<br />
filhos, assim como daquelas que tornam<br />
suas as crianças que outras mães não<br />
puderam cuidar. São mulheres de coragem<br />
e mães por vocação.<br />
A revista traz a triste realidade das<br />
mulheres em situação de abandono<br />
nas ruas, assim como aborda o mundo<br />
controverso das ciganas e das mulheres<br />
que vivem no circo. Também debatemos<br />
sobre a participação das mulheres no<br />
sindicalismo e na política, um universo<br />
onde as mulheres driblam o machismo<br />
e sonham em ocupar cada vez mais<br />
espaços de poder.<br />
O feminismo também é evidenciado<br />
por uma nova geração de mulheres na<br />
América Latina que, a exemplo das lutadoras<br />
do passado pela emancipação<br />
feminina, são aguerridas e fazem a<br />
gente acreditar que o futuro pode ser<br />
diferente. A propósito, esse ano faz<br />
20 anos que feministas de todo o mundo<br />
se encontraram em Pequim para a<br />
conferência da ONU que estabeleceu<br />
uma plataforma de ações pela igualdade<br />
de gênero. Nesse cenário, a violência<br />
ainda é um dos maiores desafios a<br />
serem enfrentados. A notícia boa é<br />
que no Brasil a Lei Maria da Penha reduziu<br />
em 10% os homicídios contra as<br />
mulheres e o feminicídio se tornou<br />
crime hediondo.<br />
Com cada vez mais exemplos de<br />
autoestima, beleza, raça e cultura, as<br />
mulheres negras têm seu espaço<br />
garantido na revista, pois suas bandeiras<br />
são de todos/as que lutam por uma<br />
sociedade mais justa e igualitária. Também<br />
estamos de olho na aplicação da<br />
lei 10.639, que determina o ensino de<br />
história e cultura afro-brasileira e africana<br />
em todas as escolas do país, e<br />
recomendamos a leitura da entrevista<br />
com a professora Mara Evaristo. Na<br />
literatura, a história imperdível é a da<br />
catadora de papel que virou escritora<br />
com repercussão internacional. Carolina<br />
de Jesus foi uma idealista que,<br />
mesmo diante do preconceito por ser<br />
mulher, negra e favelada não desistiu<br />
de seus sonhos.<br />
Com tantas histórias e exemplos,<br />
desejamos que essa publicação seja<br />
mais que um entretenimento. Possa<br />
ser um material de reflexão e instrumento<br />
para a educação e formação de<br />
uma consciência pela igualdade e diversidade<br />
de gênero, raça/etnia e sexo.<br />
Boa leitura!<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015