17 maioria dos sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais. Na CTB, há alguma resolução sobre paridade de gênero ou cotas nas gestões dos sindicatos? Na CTB, a cota de 30% de gênero em todas os cargos e instâncias de direção, é cláusula pétrea, nasceu com a central, somos uma Central Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras, está em seu Estatuto Social e, na resolução aprovada no 1º Encontro Nacional de Mulheres da CTB, é uma exigência o seu cumprimento. Orientamos que os sindicatos filiados à central apliquem o dispositivo estatutário. Sobre a paridade, eu diria que o assunto ainda precisa de debate no interior da central, para ser de fato uma conquista e não uma imposição, a paridade exige que os homens também estejam convencidos da legitimidade do pleito, e não apenas apoiem, mas, fundamentalmente, entendam que para as mulheres atuarem paritariamente, implicaria em uma mudança de postura e mentalidade. Você acredita que no sindicalismo as mulheres no poder precisam provar sua capacidade política e que as exigências são maiores do que com os homens? Tem sido a tônica até então, aos homens o direito de aprender fazendo e até errar, às mulheres o dever de fazer certo, com perfeição, o que é muito injusto, porque a condição militante é extremamente diferente entre homens e mulheres. O cenário é mais desfavorável às mulheres, pela construção histórica do seu papel cultuado pela sociedade machista e patriarcal, que lhe reserva como locus de atuação o espaço privado para um ser conciliador, passivo e subserviente, o que, por si só, já caracteriza discriminação de gênero. Ao romper com esse estereótipo e assumir o espaço público, as mulheres disputam com seus próprios companheiros, os homens, e são eles em maior quantidade, mas também as próprias mulheres, por falta de compreensão do papel da mulher na sociedade patriarcal, que reproduzem a discriminação contra a mulher no movimento sindical, criando armadilhas para as mulheres não ascenderem politicamente. Em síntese, a luta não é só de uma classe contra outra, ela é também de gênero, raça e orientação sexual, essas ditas minorias, não aceitam mais serem tratadas como alguém que precisa de outro para lhe defender, estão na condição de protagonistas da própria luta. No caso específico das mulheres, está comprovado que possuem a mesma capacidade política e administrativa dos homens, o que lhes falta é oportunidade e igualdade de oportunidade para exercer o poder. Na sua opinião, há um jeito ou um estilo diferente entre as mulheres quando elas participam do movimento sindical ou estão na liderança dessas entidades? Com certeza, como já dizia Elizabeth Souza Lobo, há jeito masculino e um jeito feminino de fazer sindicalismo, os homens pensam mais na universalidade das lutas, as mulheres pensam para além da universalidade, elas conciliam a pauta geral do movimento sindical com as especificidades que brotam das questões subjetivas da luta, principalmente, em relação à sua condição no mundo do trabalho. Pela sua própria condição e feminilidade as mulheres quando assumem as direções das entidades criam ou recriam ambientes que possibilitem maior conforto e interlocução na relação de gênero, ampliam a participação das mulheres e pautam nas negociações tanto salariais como políticas as questões específicas do universo feminino. Óbvio, que muitas mulheres ainda reproduzem o pensamento machista ocasionado pela ausência de formação política que possibilita a consciência de classe e gênero. De modo geral, as mulheres são bastante comprometidas com a democratização dos espaços e formação de novas lideranças.ø Revista Elas por Elas - Abril 2015
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