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a exercer essa função no evento, criado<br />
há 18 anos. Arquiteta de formação, a<br />
ilustradora pretende lançar neste ano<br />
sua primeira HQ, intitulada Beco do<br />
Rosário, em que a narrativa se passa<br />
na década de 20, em Porto Alegre, e<br />
traz uma personagem negra como protagonista<br />
– Vitória Azambuja, uma escritora<br />
que vai colocar seu talento a<br />
serviço dos que estão sendo despejados<br />
de suas casas para a abertura das grandes<br />
avenidas. “Acho que o principal<br />
desafio é quebrar esta barreira do mercado,<br />
que tenta nos inserir em um<br />
nicho, de que história feita por mulher<br />
é apenas para mulher. Fazemos histórias<br />
para todo mundo”, afirma.<br />
Polêmicas à parte, é fato que elas<br />
têm conquistado mais espaço até mesmo<br />
no mercado editorial, ainda que timidamente,<br />
graças ao talento e à divulgação<br />
na internet. Bianca Pinheiro ilustra bem<br />
isso. Depois de ganhar visibilidade na<br />
web, a ilustradora e quadrinista recebeu<br />
o convite da editora Nemo para publicar<br />
um de seus trabalhos, o Bear, a simpática<br />
história da pequena Raven que, após<br />
se perder de seus pais, encontra o urso<br />
Dimas, que a ajuda na sua busca. O<br />
livro já está no segundo volume. “A<br />
gente aprende desde cedo que não há<br />
mulheres nos quadrinhos. Mas a arte é<br />
do ser humano, independentemente de<br />
gênero. Então, se há algum papel [dela<br />
no universo dos quadrinhos], é o de<br />
inspirar outras mulheres, para mostrar<br />
ao mundo o nosso trabalho também”,<br />
opina. Bianca Pinheiro também retomou<br />
na internet o projeto Pequenas satisfações<br />
humanas, com a publicação diária<br />
de um desenho com pequenos prazeres,<br />
e publicou neste ano, de forma<br />
alternativa, outro HQ, o Dora, em que<br />
uma mãe tenta defender a filha da acusação<br />
de ter matado quinze pessoas.<br />
Fernanda Torquato seguiu o mes -<br />
mo caminho. Depois de publicar seus<br />
trabalhos na internet, a quadrinista lançou<br />
pela mesma editora, no início deste<br />
ano, o Gata Garota, história inspirada<br />
em dois dos cinco gatos de estimação<br />
que cria em casa. “As mulheres estão<br />
se interessando mais e produzindo<br />
mais, e as grandes editoras estão preocupadas<br />
em publicar histórias feitas por<br />
nós porque precisam atender à demanda<br />
crescente de leitoras”, avalia<br />
Samanta Coan. Segundo a pesquisa-<br />
dora e historiadora Natânia Nogueira,<br />
apesar dos obstáculos, o cenário é promissor<br />
para as mulheres, sejam elas<br />
leitoras ou profissionais da arte se -<br />
quencial. “A sociedade é muito injusta<br />
em relação ao trabalho feminino.<br />
Ainda há muita resistência, mas a participação<br />
das mulheres está crescendo<br />
bastante. Até na área da pesquisa. Temos<br />
uma associação de pesquisadores.<br />
Dos 43 membros, 15 são mulheres, e<br />
a tendência é aumentar”, c ome mora<br />
Natânia Nogueira.<br />
Samara Horta, Mariamma Fonseca e Samanta Coan, do Lady’s Comics.<br />
POLLYANA BITENCOURT<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015