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Rosa Roma, sua neta Ranyelle e sua filha Ramyrez<br />
CARLA <strong>POR</strong>TUGAL<br />
o circo. Hoje apenas ela e uma irmã,<br />
em São Paulo, seguem a tradição da<br />
família. “Tenho 50 anos e não me<br />
vejo fora do circo. Estudei magistério,<br />
cheguei até a dar aula, mas não era<br />
isso que queria. O circo é o meu lugar.<br />
Costumo dizer que quando chegar a<br />
minha hora de partir, meu velório será<br />
dentro do circo, todos, com figurino,<br />
cantando música circense”, finaliza.<br />
De acordo com a sua filha Ramyrez,<br />
o sonho da família é ter seu próprio<br />
circo. “Estamos trabalhando para realizar<br />
este projeto ainda este ano. Eu e<br />
meu marido somos de famílias circenses<br />
tradicionais e queremos dar continuidade<br />
a esta cultura tão importante. Nós,<br />
nossa filha, minha tia, mãe, irmão,<br />
meu padastro, que é iluminador e sonoplasta<br />
de circo, enteados...a turma<br />
é grande e será um circo que unirá o<br />
antigo ao moderno, com muita criatividade”,<br />
conta Ramyrez.<br />
deixar as crianças. Fazia tudo sozinha e<br />
enfrentava a discriminação de estar sem<br />
marido. Muita dificuldade de ser contratada,<br />
pois muitos acham que mulher<br />
separada quer arrumar homem. Se for<br />
casada, a situação é bem melhor. Para<br />
evitar problemas de ciúme, no circo,<br />
sempre a própria esposa é a dupla do<br />
marido ou sua assistente de palco”,<br />
explica.<br />
Segundo Rosa, a cada lona levantada,<br />
mil histórias para contar. “Me recordo<br />
de uma vez, em Campina Verde,<br />
e eu já era conhecida no nordeste pela<br />
música. Uma emissora de rádio descobriu<br />
meu aniversário e me chamou para<br />
uma entrevista. Ao vivo, contei minha<br />
vida e que estava enfrentando a doença<br />
do pânico. Quando foi à noite, o circo<br />
estava lotado, como nunca. E as pessoas<br />
gritavam pelo meu nome e chamavam<br />
de guerreira, quando entrei no picadeiro.<br />
Foi emocionante”, lembra Rosa.<br />
Depois de rodar por vários circos e<br />
cidades, seus filhos, já adolescentes,<br />
foram contratados pelo circo do ator<br />
Marcos Frota, em Maceió. “Pouco depois,<br />
também trabalhei com vendas,<br />
fotografias, fui camareira e até dirigi<br />
espetáculo deste circo. Hoje minha<br />
filha, com 24 anos, está no Broadway,<br />
se casou com um globista de lá, e tem<br />
uma filha de 4 anos, Ranyelle. Estou<br />
com eles neste circo fazendo recepção,<br />
número musical com dublagem e minha<br />
neta entra junto. Tudo que faço, ela<br />
faz. E meu filho trabalha no Circo dos<br />
Sonhos, no Rio de Janeiro”, conta.<br />
Após a morte da mãe da Rosa,<br />
seus irmãos foram aos poucos, deixando<br />
Respeitável Público<br />
O sonho de ser dona do próprio<br />
circo tornou-se realidade para a família<br />
da amazonense Andréia Carvalho Atiares<br />
(40 anos). “Depois de trabalharmos<br />
a vida toda para outros, conseguimos<br />
o nosso Atiare’s Cirkus há menos de<br />
um ano. O mais importante para mim<br />
é mantermos a família no mesmo circo.<br />
Isso é uma vitória e uma bênção de<br />
Deus!”, diz Andréia ao afirmar que o<br />
circo é sua vida. “Comecei aprendendo<br />
a arte aos cinco anos, com balé aéreo,<br />
depois trapézio, até que fui contratada,<br />
aos 15 anos, pelo Big Circo. Aos 18<br />
anos, fui para o Gran Dallas Lincoln<br />
Circos e, ao fazermos uma apresentação<br />
na Bolívia, conheci meu marido,<br />
Raomir Atiares, que já era trapezista.<br />
Revista Elas por Elas - Abril 2015