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MIOLO ELA POR ELAS Nº 8

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28<br />

ainda não alcançamos a paridade de<br />

gênero na política, nos espaços de poder,<br />

porque a cultura brasileira é machista<br />

e discriminatória. “Esta cultura<br />

patriarcal que isola as mulheres do<br />

mundo da política está refletida nos<br />

partidos que, por sua vez, não têm a<br />

mínima preocupação em mudar esta<br />

realidade. Não incentivam as mulheres<br />

a participar, não compartilham estes<br />

espaços e não se incomodam com a<br />

pequena representação feminina nos<br />

poderes, pois já está naturalizada a exclusão<br />

da mulher também no mundo<br />

da política. Um contrassenso, pois ela<br />

tem papel fundamental na economia e<br />

inclusive nos movimentos sociais, dando<br />

enorme contribuição para a transformação<br />

deste país”, afirma.<br />

Na avaliação de Vera Soares, não<br />

há como votar em mulheres se elas<br />

aparecem pouco, exatamente porque<br />

os partidos não abrem oportunidades<br />

iguais às oferecidas aos homens. “Os<br />

partidos divulgam os candidatos que<br />

querem eleger e na maioria das vezes,<br />

aceitam as candidaturas femininas por<br />

exigência da lei, apenas para cumprir<br />

cotas. Assim, elas não têm visibilidade<br />

e enfrentam muito mais dificuldades<br />

como, por exemplo, obter recursos<br />

para financiar suas campanhas”, destaca.<br />

Segundo Vera Soares, a reforma<br />

política com enfoque de igualdade entre<br />

homens e mulheres, é o caminho para<br />

mudar esta realidade. “Precisamos de<br />

uma reforma política que inclua, por<br />

exemplo, o financiamento público de<br />

campanha e a mudança no formato<br />

das listas de candidaturas apresentadas<br />

pelos partidos políticos que contemple<br />

a alternância de nomes entre homens<br />

e mulheres, chegando à paridade entre<br />

os sexos”, afirma. Ela reforça que é<br />

necessário também estimular que as<br />

definições internas dos partidos políticos<br />

sejam tomadas em coletivos e não continuem<br />

nas mãos dos chefes políticos,<br />

que em geral são homens.<br />

Vera Soares destaca ainda o papel<br />

dos professores para a mudança dessa<br />

realidade. “A escola, desde a educação<br />

infantil, nas suas práticas educativas,<br />

precisa estar atenta para não reforçar<br />

estereótipos machistas, pois isso contribui<br />

para o fortalecimento da política<br />

patriarcal. E, no ensino médio, a escola<br />

precisa ajudar as meninas a perceberem<br />

que não precisam, necessariamente,<br />

escolher apenas profissões que têm a<br />

ver com cuidado e/ou educação como<br />

enfermeiras, assistente social, professoras<br />

e que podem ocupar espaços,<br />

historicamente masculinos, como as<br />

engenharias, a física, a matemática,<br />

etc. Com certeza, a escola não é determinante,<br />

mas pode reforçar estereótipos.<br />

É preciso que crie um ambiente<br />

de cultura, de respeito às diferenças,<br />

que valorize a diversidade, uma<br />

cultura igualitária. Com certeza, isso<br />

vai contribuir diretamente para a igualdade<br />

de gênero”, finaliza.<br />

A historiadora Renata Rosa (foto) e<br />

ex-candidata à deputada estadual por<br />

Minas (PCdoB), em 2014, também<br />

defende uma reforma política urgente,<br />

pois considera que a luta por mais espaço<br />

na política para as mulheres é<br />

pesada e chega a ser cruel, em muitas<br />

situações, uma vez que não só as<br />

razões econômicas, sociais e culturais<br />

impedem uma participação mais efetiva<br />

NANCI ALVES<br />

Revista Elas por Elas - Abril 2015

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